DISCURSO

Milei segue discurso de Trump e faz críticas à ONU na 80ª Assembleia Geral

Para presidente argentino, organização adotou modelo burocrático

Por Redação ANSA Publicado em 24/09/2025 às 21:05
Milei discursou na 80ª Assembleia das Nações Unidas nesta quarta ANSA/EPA

O presidente da Argentina, Javier Milei, seguiu a linha de seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, e lançou críticas às Nações Unidas ao discursar nesta quarta-feira (24) na 80ª Assembleia Geral da ONU.

Segundo ele, a organização "perdeu o seu norte" de mediar a paz no mundo e tornou-se "burocrática".

"Ano passado, avisei que a ONU havia se afastado de seu curso nas últimas décadas. O sucesso do modelo das Nações Unidas que falava da necessidade de paz e vitória, e que se sustentava na cooperação dos Estados-nações, foi substituído por um modelo de governo supranacional de burocratas internacionais, que procuram impor aos cidadãos do mundo um modo de viver determinado", declarou o argentino, que chegou a propor, "humildemente", algumas ideias de reestruturação baseadas nas medidas implantadas por ele desde que chegou à Casa Rosada.

"Assim como a Argentina iniciou um processo de otimização do Estado, eliminando estruturas redundantes e devolvendo recursos aos contribuintes, entendemos que a ONU precisa de um caminho similar", falou Milei, trazendo como exemplos "a realização de auditorias confiáveis, o fechamento de programas ineficazes, a consolidação de agências únicas e um financiamento condicionado a resultados verificáveis".

Outra sincronia entre os discursos dos chefes de Estado de Buenos Aires e Washington foi a crítica à imigração.

"Trump evitou uma catástrofe nos Estados Unidos. Freou a imigração ilegal. Em outros países já é tarde demais", afirmou o latino-americano sobre o norte-americano, que ontem o recebeu e incentivou um empréstimo à Argentina de US$ 20 bilhões do Tesouro dos EUA, que está prestes a ser finalizado.

Além disso, Milei culpou a esquerda pelo avanço "inaceitável da violência política".

"Na Argentina, sabemos muito bem que é inaceitável recorrer à violência quando a razão falha. Por isso, rejeitamos firmemente qualquer procedimento que comprometa substancialmente as normas fundamentais da convivência democrática e pacífica", disse, sem dar mais detalhes.

O argentino também reivindicou ao seu país a soberania das Ilhas Malvinas, ocupadas pelo Reino Unido desde a guerra de 1982.

"Quero reiterar nossa reivindicação legítima e inalienável à soberania das Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul, Ilhas Sandwich do Sul e das áreas marítimas circundantes que permanecem ilegalmente ocupadas. Apesar dos 80 transcorridos desde a criação desta organização [ONU], situações coloniais como essas permanecem sem solução", argumentou Milei, apelando ao Reino Unido para "retomar as negociações bilaterais".