VATICANO

Igreja Anglicana elege 1ª mulher como líder em sua história

Sarah Mullally recebeu mensagem de felicitações do Vaticano

Por Redação ANSA Publicado em 04/10/2025 às 10:19

A Igreja Anglicana terá pela primeira vez uma mulher como líder em quase 500 anos de história.

A bispa Sarah Mullally foi eleita por uma comissão de prelados de alto escalão para o cargo de arcebispa da Cantuária, que exerce a função de primaz e principal referência espiritual dos anglicanos, uma população de fiéis estimada em 85 milhões de pessoas no mundo todo.

A designação chega em resposta a uma série de escândalos de pedofilia e agressões sexuais na Igreja da Inglaterra que atingiram diversos bispos, incluindo o antecessor de Mullally, Justin Welby, que renunciou em novembro de 2024, após ter sido acusado de acobertar denúncias contra o abusador em série John Smyth.

A nova arcebispa da Cantuária tem 63 anos e será entronizada no cargo em março de 2026.

Desde 2017, ela é arcebispa de Londres, que até agora era uma das principais posições alcançadas por uma mulher na Igreja Anglicana, denominação nascida do cisma promovido pelo rei Henrique VIII em 1534 para se divorciar da rainha Catarina de Aragão e se casar com Ana Bolena.

Mullally tem posicionamentos relativamente progressistas e apoia casamentos homoafetivos, porém é crítica da eutanásia. Ela poderá ficar no cargo até completar 70 anos, idade de aposentadoria compulsória na Igreja Anglicana, que hoje conta com mais de 40 ramificações em mais de 160 países.

O Vaticano, sede da Igreja Católica, que não permite a ordenação de mulheres, enviou uma mensagem de felicitações para a nova arcebispa da Cantuária. O texto é assinado pelo cardeal suíço Kurt Koch, prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos e que disse esperar que a líder anglicana seja um "instrumento de comunhão e união".

"Apesar de tensões ocasionais, esse trabalho de busca por uma comunhão mais profunda foi apoiado pelas relações dos pastores [das duas religiões]. E minha esperança é de que essa comunhão continue", declarou o prelado católico.