Lecornu escapa de moções e segue como premiê da França
O resultado, no entanto, está longe de aplacar crise política
O premiê da França, Sébastien Lecornu, escapou nesta quinta-feira (16) de duas moções de desconfiança na Assembleia Nacional apresentadas pela extrema esquerda e pela extrema direita, mas o resultado ainda está longe de aplacar a crise política no país.
A primeira foi apresentada pelo partido França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon, e recebeu 271 votos favoráveis, quando eram necessários 289 para aprová-la.
Já a segunda, protocolada pelo partido de ultradireita Reunião Nacional, de Marine Le Pen, teve o apoio de apenas 144 deputados, uma vez que foi boicotada por todo o campo progressista.
Em seguida, Lecornu foi a pé da Assembleia Nacional até o Palácio Matignon, sede do governo francês, em Paris. "Agora vamos ao trabalho", disse o premiê, que havia renunciado após ficar somente um mês no cargo, porém acabou renomeado pelo presidente Emmanuel Macron.
Das duas moções, a única que tinha chances de ser aprovada era a do França Insubmissa, mas a decisão do Partido Socialista de não votar o texto permitiu a permanência de Lecornu como primeiro-ministro. A legenda de extrema esquerda, no entanto, promete manter a pressão.
"Franceses, não se resignem, esse governo vai cair porque é ilegítimo e não respeita o resultado das urnas", disse Mathilde Panot, líder do partido na Câmara. "Lecornu e Macron estão na corda bamba, e o presidente terá de sair cedo ou tarde", acrescentou a parlamentar, ressaltando que será apresentada uma nova moção para destituir o chefe de Estado.
Para escapar da moção de desconfiança, Lecornu decidiu suspender uma controversa reforma previdenciária que aumentaria a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos. Com isso, evitou os votos contrários do Partido Socialista e terá a chance de continuar no poder para aprovar a Lei Orçamentária de 2026.
A França, segunda maior economia da União Europeia, está afundada em uma crise política desde que Macron convocou eleições antecipadas no ano passado para consolidar seu poder. A votação, no entanto, produziu um Parlamento dividido entre três blocos que não dialogam entre si, impedindo a formação de uma maioria clara.
Enquanto isso, o país está sob pressão da União Europeia para diminuir o déficit fiscal e a dívida pública e precisará cortar gastos para se adequar aos parâmetros de Bruxelas, enquanto Lecornu prometeu não recorrer a uma ferramenta constitucional empregada desde 2022 para aprovar a Lei Orçamentária sem debate no Parlamento.