Maduro condena planos de 'golpes de Estado da CIA' na Venezuela
Crítica foi feita após Trump autorizar 'operações secretas'
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, condenou na última quarta-feira (15) o que classificou como "golpes de Estado orquestrados pela Agência Central de Inteligência (CIA)".
A declaração foi feita poucas horas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar que havia autorizado operações secretas em solo venezuelano por parte da agência de inteligência americana, com o objetivo de combater cartéis de drogas no país sul-americano.
Apesar disso, o republicano não confirmou se os agentes da CIA receberam autorização para eliminar Maduro. O líder venezuelano, por sua vez, aproveitou um discurso em um comitê criado após o envio de navios de guerra americanos ao Caribe — sob o pretexto de uma "operação antidrogas" — para criticar a postura dos EUA de forma indireta.
"Chega de golpe da CIA. Não à mudança de regime, que tanto nos lembra das guerras eternas e fracassadas no Afeganistão, no Iraque, na Líbia e assim por diante", declarou o líder venezuelano.
Maduro também ressaltou que o povo venezuelano rejeita qualquer tentativa de intervenção externa e criticou duramente opositores exilados, além de condenar as ameaças vindas de Washington.
"É uma covardia não dar a cara, se esconder em Miami e pedir para bombardear ou atacar militarmente uma pátria de gente nobre, que só trabalha e vive em paz, como a Venezuela", enfatizou.
Além disso, Maduro ordenou a realização de exercícios militares nos estados de Táchira, Apure e Amazonas, que fazem fronteira com a Colômbia. "Ativaremos toda a força militar de defesa global, a defesa popular e a defesa policial", anunciou em uma mensagem de áudio divulgada pelo Telegram.
Segundo ele, a mobilização faz parte da "Operação Independência 200", criada com o objetivo de reforçar a defesa nacional.
Enquanto Washington acusa o governo de Maduro de liderar uma vasta rede de narcotráfico com destino aos Estados Unidos, Caracas afirma que o governo Trump utiliza o combate ao tráfico como pretexto para impor uma mudança de regime e se apoderar das vastas reservas de petróleo venezuelanas.
Denúncia
Nesta quarta-feira (16), o governo da Venezuela anunciou que apresentará uma denúncia formal ao Conselho de Segurança da ONU e ao secretário-geral António Guterres, acusando os Estados Unidos de promover operações secretas da CIA em território venezuelano.
De acordo com comunicado oficial divulgado por Caracas, a ação norte-americana representa uma ameaça direta à soberania do país e pode provocar uma escalada militar no Caribe. “Medidas urgentes devem ser tomadas para impedir o agravamento do conflito”, afirma o texto.
Caracas classificou os pronunciamentos de Trump como "belicosos e extravagantes", acusando Washington de tentar "legitimar uma operação de mudança de regime", com o objetivo final de tomar o controle dos recursos petrolíferos do país.
"A comunidade internacional deve entender que a impunidade por esses atos terá consequências políticas perigosas que devem ser interrompidas imediatamente", acrescenta o governo venezuelano.
A denúncia reforça a já tensa relação diplomática entre Caracas e Washington, que se agravou nos últimos anos com sanções econômicas, acusações mútuas de ingerência e tentativas de isolamento político.