Europeus reforçam apoio à Ucrânia após reunião Zelensky-Trump
Líderes destacaram urgência de uma paz justa
Após uma reunião considerada "tensa" entre o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, líderes europeus reforçaram a necessidade de uma frente unida e de um plano político concreto para encerrar o conflito em território ucraniano.
A proposta, inspirada no modelo do acordo americano para a Faixa de Gaza, foi discutida neste sábado (18) durante uma série de conversas entre Zelensky e líderes europeus.
A iniciativa partiu do chanceler alemão, Friedrich Merz, e do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que sugeriram a elaboração de um plano de paz estruturado com base nos moldes do acordo de 20 pontos promovido por Washington para alcançar a paz entre Israel e o Hamas.
O movimento diplomático ocorreu em meio à recusa de Trump em fornecer mísseis Tomahawk a Kiev, segundo fontes ouvidas pelo site Axios. Essa negativa levou Zelensky a buscar respaldo entre aliados europeus, realizando telefonemas com figuras-chave como a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, e os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen e António Costa.
De acordo com Merz, os parceiros europeus receberam positivamente a ideia de uma "cooperação transatlântica" e reafirmaram o compromisso com uma "paz justa e duradoura".
Apesar da recusa norte-americana quanto ao envio de armamentos, Zelensky minimizou o impasse em entrevista à NBC. "O presidente Trump não disse não, mas também não disse sim", afirmou, acrescentando que os EUA não desejam uma escalada do conflito.
Enquanto isso, os líderes da União Europeia se preparam para a cúpula marcada para o dia 23 de outubro, em Bruxelas, na qual é esperada a presença de Zelensky. O encontro terá como foco reforçar a coesão do bloco diante da intensificação da ofensiva russa, que voltou a bombardear a cidade ucraniana de Zaporizhzhia nas últimas horas.
Diante da nova onda de ataques de Moscou, o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, declarou que a solidariedade europeia é "mais necessária hoje do que nunca".
Por outro lado, Matteo Salvini defendeu que o diálogo com o presidente russo, Vladimir Putin, continua sendo "o caminho para a distensão". Para ele, a decisão de Trump de não enviar mísseis à Ucrânia é "corajosa" e "aproxima a paz". Salvini acrescentou esperar que "em Paris, Bruxelas e Berlim, a tentação de continuar produzindo, vendendo e usando armas não prevaleça".
Independentemente da forma que um eventual plano de paz venha a ser realizado, uma questão continuará no centro das negociações: garantias de segurança para Kiev.
Também nesse sentido, conselheiros de segurança nacional dos países-membros da Otan reuniram-se nas últimas horas para coordenar os próximos passos.
A expectativa para a cúpula de Bruxelas é que os líderes europeus discutam uma medida altamente sensível do ponto de vista político: conceder uma isenção temporária à proibição de voos russos sobre o espaço aéreo europeu, permitindo assim a chegada de Vladimir Putin à Hungria — apesar do mandado de prisão internacional emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).