Arnaldo Niskier

Arnaldo Niskier é professor e escritor brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), onde ocupa a Cadeira nº 18. Nascido no Rio de Janeiro, é doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um dos mais destacados especialistas em temas de educação, urbanismo e cultura brasileira. Foi secretário de Educação e Cultura do Estado da Guanabara, presidente do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro e também do Conselho Nacional de Educação. É autor de mais de 40 livros, abordando principalmente educação, história, arte e arquitetura. Reconhecido por sua atuação intelectual e pública, Niskier é membro de diversas instituições culturais e acadêmicas no Brasil e no exterior, e ao longo de sua carreira tem sido uma das vozes mais influentes na defesa da educação humanista e da valorização do conhecimento como base do desenvolvimento nacional.

Arnaldo Niskier

Educação precisa melhorar

Publicado em 05/09/2025 às 08:00
Arnaldo Niskier

A educação brasileira não tem evoluído como deveria. Quase um terço dos nossos adultos são analfabetos funcionais, condição que está estagnada desde 2018, com a lamentável redução de recursos financeiros. Vivemos na expectativa de um milagre impossível de acontecer.

Dentre as funções da Academia Brasileira de Letras está o cultivo da leitura e da escrita. Quase 30% dos brasileiros dos 15 aos 64 anos de vida não aprenderam o básico desses elementos e há um fator que justifica esse absurdo: é a falta de recursos financeiros.

O que é um analfabeto funcional: é a pessoa que não consegue ler palavras, pequenas frases ou números familiares como os do telefone, de casa ou de preços. Isso traz um notório prejuízo para o exercício da cidadania. Cerca de 27% dos nossos trabalhadores são analfabetos funcionais e 40% têm níveis consolidados de analfabetismo.
Nossos números do EJA (Programa de Jovens e Adultos) são os menores da história, segundo o Censo Escolar. Há uma queda sucessiva no número desses alunos. Registra-se que a maioria dos nossos alunos não alcançou o nível adequado em Língua Portuguesa e Matemática, o que traz sérias consequências para o sistema. É claro que o desempenho em tarefas digitais é nitidamente precário. As ações oficiais são insuficientes e isso traça um quadro precário sobre o nosso futuro pedagógico. A bolsa de 100 reais para jovens de 18 a 29 anos, criada pelo MEC para os que saibam ler e escrever, não se mostrou eficaz. É pouco!

Queremos jovens que leiam, compreendam e transformem a si próprios e ao mundo à sua volta, para viver melhor. Ficamos imaginando o comportamento dos nossos estudantes no próximo exame do Pisa, que é intrnacional, quando competiremos com outras nações mais e menos desenvolvidas. A perspectiva não é das mais animadoras, sacrificando a esperança dos nossos jovens num futuro melhor.

Se a alfabetização apresenta esse quadro precário, podemos pensar também nas deficiências de outros graus de ensino, como é o caso do ensino médio, que vive a promessa frustrada de uma reforma que não emplaca nos meios oficiais. Temos assim que conviver com a geração nem-nem, dos que nem estudam, nem trabalham, o que é profundamente lamentável. Enfim, há muito que fazer ainda pela nossa educação.

Em pesquisa de desenvolvimento humano, o Brasil é o 84º colocado. É dado da ONU. Líder é a Islândia, seguida por Noruega e Suíça.