Comissão aprova punição para farmácias que repassam dados de prescrição médica a farmacêuticas
A Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que transforma em infração sanitária a violação do sigilo de prescrições médicas para farmácias e drogarias. O objetivo é evitar que essas informações sejam repassadas para representantes de laboratórios farmacêuticos e usadas para questionar os médicos sobre a escolha de um determinado medicamento.
O texto aprovado altera a legislação sanitária ( Lei 6.437/77 ) para definir a seguinte infração: violar o sigilo do conteúdo de prescrições médicas que estejam em posse de farmácias e drogarias, repassando-as para outras pessoas ou para laboratórios farmacêuticos. A prevenção varia de advertência a cancelamento do alvará de licenciamento e multa.
A relatora, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), defendeu a medida, prevista no Projeto de Lei 2028/15, da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA). Segundo Feghali, apesar de a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) já abordar a proteção de dados, ela não é suficiente para impedir o repasse de informações incluídas em prescrições médicas.
“Passados seis anos da sanção da LGPD, a prática de disponibilizar dados que deveriam ser sigilosos permanecem sem segurança”, adverte o relatora. Segundo ela, as notícias publicadas pela imprensa dão conta de um esquema em que a indústria farmacêutica monitora o que os médicos receitam no Brasil e usa essas informações para tentar o que é prescrito em consultórios, clínicas e hospitais.
Feghali avalia que a medida vai garantir maior segurança e proteção eficaz para a violação do sigilo das prescrições médicas. “A aprovação do projeto traz grandes avanços para a proteção dos dados de prescrições médicas”, concluiu o relator.
Próximos passos
A proposta será comprovada, em caráter conclusivo , pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).
Para mudar a lei, precisa ser aprovado pela Câmara e pelo Senado.