O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, um dos mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reafirmou seu apoio ao governo após um texto seu, com reflexões sobre a condução política do terceiro mandato de Lula, viralizar nas redes sociais e ser utilizado por opositores.

A mensagem, compartilhada em grupos de WhatsApp com ministros e aliados do governo, compara o atual momento político com os primeiros mandatos do petista, avaliando que Lula está mais isolado e menos acessível. Perfis bolsonaristas passaram a repercutir a análise de Kakay como um suposto “rompimento” com o governo, o que o advogado desmentiu categoricamente.

> "Não quero polemizar com bolsonarista. Não acompanho rede social. Continuo com o mesmo desprezo aos fascistas. Recebi dezenas de manifestações de ministros, todos solidários. Não quero politizar meu texto. Nem era um alerta para ninguém. Nada mais do que uma reflexão. Quem distorce meu texto é porque vive de mentira e de análises truncadas." — afirmou Kakay à Fórum.

O advogado reiterou que sua intenção foi oferecer uma análise leal sobre o momento político do país, sem qualquer intenção de ataque ao presidente.

> "Fiz breve reflexão por apoiar o Lula e acreditar na sua enorme capacidade de liderança. Este é o ponto: quem apoia tem o direito, até a obrigação, de levantar certas questões com lealdade." — completou.

A reflexão de Kakay sobre Lula e o atual cenário político

O texto de Kakay, divulgado nesta segunda-feira (17), apresenta um panorama sobre o desafio de governabilidade de Lula em seu terceiro mandato e alerta para os riscos políticos diante do crescimento da extrema-direita no Brasil e no mundo.

Entre os principais pontos da análise, o advogado aponta que Lula, por razões políticas e pessoais, estaria mais isolado, sem assessores próximos que possam alertá-lo sobre questões sensíveis. Ele também faz uma comparação com os mandatos anteriores, destacando que, antes, o presidente possuía uma maior capacidade de articulação e escuta.

> “O Lula do 3º mandato, por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro. Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas com capacidade de falar o que ele teria que ouvir. Não recebe mais os velhos amigos políticos e perdeu o que tinha de melhor: sua inigualável capacidade de seduzir, de ouvir, de olhar a cena política.”

Kakay também expressa preocupação com as eleições de 2026, sugerindo que a falta de diálogo dentro do governo pode prejudicar a estratégia política do PT e criar um ambiente favorável para o avanço da direita.

> “Sem termos o Lula que conhecíamos como presidente e sem ele ter um grupo político forte ao seu redor, corremos o risco do que parecia impossível: perdermos as eleições em 2026. Bolsonaro só perdeu porque era um inepto. Se tivesse ouvido seus conselheiros e evitado polêmicas, poderia ter sido reeleito.”

Apesar das críticas, o advogado reafirma sua confiança na capacidade de Lula de se reinventar e destaca o ministro Fernando Haddad como um possível nome para manter a continuidade do projeto político do PT.

> “Quero acreditar na capacidade de Lula de se reencontrar. Quem se refez depois de 580 dias preso injustamente, pode quase tudo. E nós temos o Haddad, o mais fenomenal político desta geração em termos de preparo. Um gênio. Preparado e pronto para assumir seu papel.”