Apesar da pressão por Isnaldinho Bulhões, Lula escolhe Gleisi Hoffmann para articulação política

A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de nomear Gleisi Hoffmann como ministra das Relações Institucionais (SRI) no lugar de Alexandre Padilha pegou Brasília de surpresa e frustrou articulações que buscavam emplacar Isnaldo Bulhões Júnior, o Isnaldinho, deputado de Santana do Ipanema, para o cargo, nome escolhido e de melhor simpatia pelo Congresso.
O nome do parlamentar alagoano vinha ganhando força nos bastidores, com apoio de aliados e forte lobby político para consolidar sua indicação. No entanto, Lula optou por manter o controle da articulação política nas mãos de uma figura histórica do PT, o que representa uma reviravolta nos planos de diversos setores da base governista.
Gleisi Hoffmann no Planalto: um novo eixo de poder
A escolha de Gleisi Hoffmann não apenas contraria previsões que apontavam Isnaldo Bulhões como o nome ideal para garantir estabilidade na relação entre o governo e o Congresso, mas também reposiciona forças dentro do próprio governo. Até então, esperava-se que Gleisi assumisse a Secretaria-Geral da Presidência, um cargo mais voltado à gestão interna do governo.
A decisão de Lula, anunciada oficialmente nesta sexta-feira (28), indica que o presidente quer uma linha mais dura e ideológica no comando das negociações políticas, o que pode gerar resistência dentro do próprio Congresso.
“Gleisi tem um perfil combativo e é vista com ceticismo em Brasília. A articulação política exige diálogo, mas ela sempre adotou uma postura mais radical”, comentam analistas políticos.
Isnaldo Bulhões fora do tabuleiro: o que isso significa?
A exclusão do nome de Isnaldo Bulhões da disputa pela SRI representa uma derrota política para um grupo que tentava fortalecer sua influência dentro do governo. Isnaldinho, que vinha sendo apontado como um nome mais moderado e conciliador, teria um perfil mais alinhado à necessidade de ampliar a base de apoio do governo no Congresso.
Ao optar por Gleisi Hoffmann, Lula ignora as pressões de setores do MDB e de aliados do Centrão, privilegiando uma escolha que reforça a identidade do governo, mas pode dificultar o diálogo com o Legislativo.
O impacto da decisão para a governabilidade
A chegada de Gleisi à SRI desagrada setores do próprio governo. Ela tem um histórico de embates com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pode enfrentar resistência entre parlamentares que esperavam uma figura mais flexível para a articulação política.
Além disso, Gleisi passa a compor um novo eixo de poder dentro do Planalto, se contrapondo a figuras como Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secom), que já exercem forte influência sobre o presidente.
E agora?
Enquanto Gleisi assume um papel-chave na articulação política, o PT precisa agora de um novo nome para comandar o partido, uma vez que a deputada deixará a presidência da sigla. O favorito para assumir a legenda de forma interina é José Guimarães (CE), enquanto Lula articula para eleger Edinho Silva no comando petista em junho.
Com essa mudança, o governo entra em uma nova fase de reestruturação política, mas a exclusão de Isnaldo Bulhões desse tabuleiro pode trazer consequências para a relação do governo com setores estratégicos do Congresso.
Lula comprou uma briga ao deixar o nome do Congresso de fora? O futuro da articulação política do governo será um teste de fogo nos próximos meses.