Grupo de Collor afunda em dívidas e TV Gazeta corre risco de perder vínculo com a Globo

A Organização Arnon de Mello (OAM), tradicional conglomerado de mídia da família do ex-presidente Fernando Collor de Mello, enfrenta uma crise sem precedentes. Com dívidas que ultrapassam R$ 100 milhões, o grupo tenta salvar seu principal ativo: a TV Gazeta, afiliada da Rede Globo em Alagoas desde 1975, publicou o Jornal Extra.
Em recuperação judicial desde 2019, a OAM acumula bloqueios judiciais, processos trabalhistas e enfrenta ameaças de rompimento contratual com a maior emissora do país. Segundo dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, R$ 32,4 milhões estão inscritos na dívida ativa da União — R$ 23,2 milhões em nome da própria TV Gazeta. Parte dessas dívidas está relacionada ao processo que condenou Collor no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual há suspeitas de que o canal tenha sido utilizado como instrumento para recebimento de propina.
O plano de recuperação judicial chegou a ser aprovado, mas denúncias de fraudes, incluindo suposta compra de votos de credores, levaram o caso à investigação pela Polícia Civil. Ex-funcionários também cobram salários atrasados e indenizações na Justiça do Trabalho, que já determinou bloqueios de bens pertencentes a Collor e à sua esposa, Caroline Serejo.
Enquanto isso, a Globo busca formalizar o fim da parceria com a TV Gazeta. A emissora carioca já articula a substituição da afiliada alagoana pela TV Asa Branca, de Pernambuco. A Justiça estadual, no entanto, determinou que a afiliação fosse renovada por mais cinco anos, em decisão liminar. O impasse agora está no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que deve julgar o caso ainda no primeiro semestre deste ano.
O colapso da OAM, um dos símbolos do poder midiático em Alagoas, coloca em xeque a continuidade da TV Gazeta como emissora da Globo — e expõe mais um capítulo do desgaste do império Collor.