APROVAÇÃO

4 fatores que levaram o governo Lula a um novo aumento de reprovação

Publicado em 19/06/2025 às 15:46

Duas pesquisas divulgadas em junho mostraram queda na avaliação positiva nos números de aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos dois casos, as oscilações se deram na margem de erro do levantamento.

No levantamento do Datafolha, a subida de dois pontos porcentuais no índice dos que avaliaram o governo como ruim ou péssimo, e a queda de um ponto entre os que acham que é ótimo ou bom, no intervalo de dois meses, interrompeu a recuperação registrada no levantamento anterior. Agora, são 40% dos que avaliam positivamente o governo, 28% dos que fazem uma avaliação negativa e 31% dos que acham regular.

Na pesquisa Ipsos/Ipec, o crescimento de 41% para 43% no índice dos que acham a gestão ruim ou péssima e a queda de 27% para 25% dos que acham que o governo é ótimo ou bom, em um intervalo de três meses, ampliam um cenário de crescente perda de popularidade.

O Palácio do Planalto atribuiu a queda nas pesquisas ao escândalo de descontos indevidos dos aposentados do INSS e vê que o governo não teve sucesso na estratégia de tentar responsabilizar a gestão de Jair Bolsonaro. Mesmo assim, a equipe de comunicação de Lula aposta que uma decisão de reembolsar rapidamente os prejudicados pode reverter uma crise. Além disso, a melhoria entre os mais pobres mostrada pelo Datafolha foi recebida com resolução e novos programas que serão lançados pelo governo são apostas para o fato. Veja os bastidores.

Mesmo com diferenças metodológicas e intervalo de coleta de dados, os dois levantamentos mediram a popularidade após episódios de desgaste para o governo federal. A pesquisa Datafolha foi realizada entre 10 e 11 de junho. A Ipsos/Ipec, entre 5 e 9 de junho.

Veja algumas situações que podem ter impactado a popularidade do governo:

Escândalo do INSS

No dia 23 de abril, a Polícia Federal deflagrou a operação Sem Desconto, que apura descontos que podem chegar a R$ 6 bilhões feitos por entidades em benefícios de aposentados por meio de fraude. rmão mais velho do presidente, José Ferreira da Silva, mais conhecido como Frei Chico, é vice-presidente de uma das entidades investigadas na operação.

A ação gerou uma crise no governo, com a consequente queda do presidente do INSS e do então ministro da Previdência, Carlos Lupi. A notícia do governo foi lembrar que os descontos contidos começaram ainda em 2016 e ganharam escala em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro. Contudo, os valores subiram aceleradamente na gestão Lula, o que foi bastante explorado pela oposição. Pesquisa anterior divulgada pela Genial/Quaest já havia mostrado que 82% dos brasileiros sabiam do escândalo e que 31% culpavam o governo Lula, enquanto 8% avaliavam a responsabilidade da gestão de Bolsonaro.

Disputa sobre IOF e aumento de impostos

Nas últimas semanas, o governo sofreu desgaste com a discussão sobre o aumento de impostos para conseguir zerar as contas. Primeiro, a gestão Lula anunciou um aumento do IOF em diversas transações. Depois, impediu o alcance da medida. As medidas enfrentam forte resistência no Congresso e são exploradas pela oposição para determinarem representarem aumento de imposto.

Mais recentemente, nesta quarta-feira à noite, já fora do alcance dos levantamentos, o governo publicou uma medida provisória que compensa a mudança no texto do decreto ao impor a tributação de investimentos como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Agronegócio (LCA), antes de isentas em uma faixa, e o aumento da tributação sobre apostas e Juros sobre Capital Próprio (JCP).

Pedido de ajuda da China para regulação das redes sociais

Em outro episódio de desgaste para o governo, em maio, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e o próprio presidente admitiram ter pedido ajuda do governo chinês para uma espécie de intervenção no TikTok. Lula afirmou que pediu ao líder chinês Ji Xinping que pudesse enviar ao Brasil uma pessoa de confiança para discutir "questões digitais", principalmente no TikTok e que Janja teria complementado sua pergunta. Em meio aos esforços para especificar o episódio, classificado como um incidente diplomático, Janja citou, em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", o modelo chinês de orientação das redes. “Se não seguir a regra, tem prisão”, disse Janja, em relação ao modelo que proíbe o uso de aplicativos e restringe a liberdade de expressão e de acesso à informação dos chineses no regime comunista.

Participação de Lula em viagem à Rússia para se encontrar com Putin>

Ainda em maio, dias antes da viagem à China, Lula esteve na Rússia para se encontrar com o presidente Vladimir Putin e participar de um desfile militar que o presidente russo usa como propaganda de sua autocracia. O desfile para marcar os dados escolhidos pelos russos para o Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial ocorreu em meio às resistências do governo de Putin em aceitar um cessar-fogo com a Ucrânia, país que invadiu em fevereiro de 2022. O brasileiro foi o único líder de uma nação ocidental democrática a participar do desfile.