ECONOMIA

Governo reúne setor produtivo para avaliar impacto e buscar soluções frente a tarifas dos EUA

Comitê interministerial coordenado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin ouviu setores estratégicos para a economia brasileira e reforçou aposta em negociação

Publicado em 15/07/2025 às 19:03
Além de Alckmin, Rui Costa e Fernando Haddad participaram do encontro representantes de empresas e entidades de setores estratégicos, como Embraer, Weg, Tupy, Instituto Aço Brasil, Fiesp, Abimaq, Abicalçados, ABAL, ABIT, IBÁ, ABIMCI, Sindipeças, Sindifer, Foto: Cadu Gomes/VPR

O Governo Federal realizou, nesta terça-feira, 15 de julho, a primeira reunião do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais. O encontro reuniu representantes da indústria nacional e autoridades do governo para discutir os impactos da decisão unilateral dos Estados Unidos de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto, e construir soluções conjuntas.

Coordenado pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, o comitê tem como missão inicial ouvir os setores mais afetados pela medida, avaliar impactos econômicos e deliberar sobre contramedidas provisórias, além de acompanhar as tratativas diplomáticas em curso.

"A reunião foi muito proveitosa. Ouvimos todos os setores com maior fluxo de comércio com os Estados Unidos — desde aviação, aço, alumínio, máquinas, têxteis, calçados, papel e celulose. O que vimos foi um alinhamento em torno da negociação. Eu trouxe a mensagem do presidente Lula de empenho para rever esta situação”, afirmou Alckmin.

Em um momento de recorde de fluxo comercial entre os dois países, Alckmin frisou que a decisão do presidente Donald Trump é incompreensível. "De janeiro a junho deste ano, as exportações do Brasil para os Estados Unidos aumentaram 4,37% e dos Estados Unidos para o Brasil aumentaram 11,48%. Momento em que é recorde a exportação dos Estados Unidos para o Brasil, quase três vezes mais do que a nossa exportação, estaremos unidos para reverter essa decisão", explicou.

Segundo o vice-presidente, o setor produtivo se comprometeu a dialogar com seus parceiros nos Estados Unidos — compradores, fornecedores e empresas congêneres — para negociar o prejuízo bilateral causado pelas tarifas. "É uma relação importante que repercute também nos Estados Unidos, podendo encarecer produtos e encarecer a economia americana. É uma oportunidade, inclusive, para abrirmos espaço para novos acordos comerciais", argumentou.

UNIÃO
 — Após a reunião, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, afirmou que o setor está unido na busca por uma solução negociada. "O que temos aqui é um verdadeiro perde-perde. Não faz sentido econômico, social ou geopolítico. Estamos convergentes com o governo e confiantes de que é possível contornar essa situação", disse.

Alban também reforçou que o Brasil não pretende reagir de forma precipitada ou hostil. "O Brasil não pretende ser reativo intempestivamente. O que nós entendemos dessa reunião é que o Brasil não se precipitará de forma nenhuma em medidas de retaliações para que elas não sejam interpretadas como simplesmente uma disputa. O que nós queremos é um entendimento”, resumiu.

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O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Josué Gomes da Silva, manifestou otimismo quanto à retomada do diálogo com os Estados Unidos. “Nós temos absoluta confiança que os mais de 200 anos de boas relações diplomáticas e comerciais com os Estados Unidos, que são os maiores investidores diretos estrangeiros no Brasil, não vão se romper dessa maneira. Pelo contrário, vamos chegar a um entendimento”, disse.

Josué também reafirmou o engajamento da indústria brasileira no esforço conjunto por soluções que beneficiem os dois lados. “Vamos dar todo o suporte, todo o apoio para que o Brasil chegue a um entendimento em benefício das populações e empresas brasileiras e americanas”, concluiu.Participaram do encontro representantes de empresas e entidades de setores estratégicos da economia nacional, como Embraer, Weg, Tupy, Instituto Aço Brasil, Fiesp, Abimaq, Abicalçados, ABAL, ABIT, IBÁ, ABIMCI, Sindipeças, Sindifer, Centrorochas, Abrafe e RIMA. Álbum de Fotos: LinkCOMITÊ — A regulamentação do Comitê foi assinada nesta terça-feira, 15 de julho, no mesmo decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica. O texto estabelece critérios para suspensão de concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual, em resposta a medidas unilaterais adotadas por países ou blocos econômicos que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira.

Integram o Comitê os ministros do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que o presidirá, da Casa Civil da Presidência, da Fazenda e das Relações Exteriores. A Secretaria-Executiva do Comitê será exercida pela Secretaria-Executiva do MDIC. Outros ministros podem participar das reuniões de acordo com os temas tratados.