Duelo de titãs: Renan Filho e JHC polarizam disputa pelo governo de Alagoas
Alagoas já vive clima de disputa antecipada entre os dois políticos

Faltando pouco mais de um ano para o início oficial da campanha, Alagoas já vive um ambiente de pré-disputa que mobiliza prefeitos, deputados e lideranças comunitárias em todo o Estado. Nos bastidores, a corrida ao Palácio República dos Palmares vem se desenhando como um confronto direto entre o ex-governador e atual ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), e o prefeito de Maceió, JHC (PL).
O peso de Renan Filho
Renan Filho deixou o governo em 2022 após quase oito anos de mandato, com aprovação elevada e considerado peça central no projeto do MDB em Alagoas. Hoje ministro dos Transportes, ocupa posição estratégica no governo Lula, com orçamento bilionário para obras de infraestrutura em todo o país. Em Alagoas, multiplicam-se inaugurações de rodovias, duplicações e promessas de investimentos, como o Hospital do Câncer e a rede de proteção ao autismo.
Para aliados, cada entrega reforça sua imagem de gestor eficiente e aumenta o capital político. Deputados da base governista defendem que Renan Filho é o nome capaz de manter a hegemonia do MDB no Estado e repetir a aliança que sustenta Paulo Dantas no governo.
O avanço de JHC
Do outro lado, JHC governa Maceió com índices de aprovação que chegam a 80% em levantamentos internos. Jovem, midiático e articulado nas redes sociais, aposta no discurso da renovação e na defesa de um Estado mais moderno e próximo do cidadão.
A estratégia do prefeito é ampliar sua presença no interior, onde, tradicionalmente, o MDB é forte. Nos últimos meses, tem intensificado visitas a municípios do Agreste e do Sertão, buscando alianças com prefeitos de partidos médios e parlamentares insatisfeitos com a predominância da família Calheiros.
Um duelo de narrativas
A disputa entre Renan Filho e JHC extrapola nomes: representa dois projetos políticos distintos. O ministro simboliza a continuidade de um grupo que governa Alagoas há mais de duas décadas, ancorado na experiência e no acesso a recursos federais. Já o prefeito encarna a oposição com discurso de independência, renovação e crítica à concentração de poder político nas mãos do MDB.
Bastidores e articulações
Nos corredores da Assembleia Legislativa, a movimentação é intensa. Deputados ligados ao União Brasil e ao Republicanos já ensaiam aproximação com JHC, enquanto a maioria da bancada do MDB permanece fiel a Renan Filho. Prefeitos de médios municípios vivem o dilema entre a força de Brasília, representada pelo ministro, e a capacidade de mobilização popular que o prefeito da capital demonstra.
A Igreja evangélica, segmento cada vez mais influente nas eleições locais, tem se aproximado de JHC, enquanto Renan aposta no apoio da base católica e de sindicatos. Empresários da construção civil e do transporte dividem opiniões: parte enxerga em JHC um gestor inovador, parte considera Renan Filho mais confiável pela longa trajetória de gestão.
O papel do governador Paulo Dantas
Embora repita que não será candidato a nada em 2026, o governador Paulo Dantas (MDB) terá papel crucial na disputa. Seu governo, herdado de Renan Filho, mantém maioria na Assembleia e articulação direta com Brasília. A permanência ou desgaste de sua gestão pode influenciar diretamente nas chances do ministro.
Perspectivas
Especialistas apontam que, caso o confronto se confirme, Alagoas poderá viver uma das eleições mais polarizadas de sua história recente, comparável às disputas entre Téo Vilela e Renan Calheiros em décadas anteriores. Será, acima de tudo, um choque entre tradição e renovação, experiência e juventude, Brasília e redes sociais.
Ainda sem candidaturas oficializadas, a disputa já está posta. Nos próximos meses, cada gesto, inauguração, reunião partidária ou postagem em rede social será analisado como movimento de xadrez em direção a 2026.