JOGO POLÍTICO

Estratégias divergentes: o silêncio de JHC e o anúncio de Renan Filho

Por Redação Publicado em 10/09/2025 às 08:41
Kelmann Vieira afirma que JHC é candidato ao governo Reprodução

Enquanto Renan Filho não hesita em percorrer Alagoas, declarando publicamente sua intenção de concorrer ao governo e já apresentando propostas como a criação do Hospital do Câncer, JHC prefere uma abordagem mais discreta.
O prefeito de Maceió ainda não oficializou sua candidatura, mas seus aliados - como o vereador Kelmann Vieira  já deixam no ar que ele será um nome forte na disputa.


Nos bastidores, essa diferença de postura reflete duas estratégias distintas. Renan Filho utiliza sua presença constante no Estado e seu cargo de ministro para consolidar o apoio de prefeitos e lideranças regionais, garantindo que seu nome esteja sempre em evidência e suas propostas sejam conhecidas com antecedência. Já JHC, mantendo o silêncio oficial, foca em fortalecer sua gestão em Maceió e ampliar sua base de apoio de maneira mais sutil. Seus movimentos nos bastidores, as alianças que surgem e o crescimento de sua popularidade indicam que ele se prepara para entrar na corrida em um momento estratégico, deixando o anúncio oficial para mais perto do pleito.


Assim, enquanto Renan Filho aposta na visibilidade e no contato direto com o eleitor, JHC constrói sua candidatura de forma mais discreta, permitindo que as especulações cresçam e que o cenário político se ajuste antes de um anúncio formal.


Pesquisas e leituras do cenário estimulam disputa


Na disputa antecipada, números também entram em jogo. Pesquisa divulgada pelo Instituto Falpe, entre os dias 29 de agosto e 1º de setembro, mostrou o prefeito de Maceió, JHC, liderando a corrida para o Governo de Alagoas com ampla vantagem sobre o ministro dos Transportes, Renan Filho.


De acordo com o levantamento, realizado apenas em Maceió e nos dez municípios da Região Metropolitana — Barra de São Miguel, Marechal Deodoro, Coqueiro Seco, Santa Luzia do Norte, Satuba, Pilar, Rio Largo, Messias, Paripueira e Barra de Santo Antônio —, JHC aparece com 58% das intenções de voto, contra 22,5% de Renan Filho. Outros 13,5% não souberam ou não quiseram opinar, enquanto 6% declararam que não votariam em nenhum dos dois.


No quesito rejeição, o cenário se inverte: Renan Filho lidera com 22,5% de eleitores afirmando que não votariam nele de forma alguma, contra 6,5% de JHC. A pesquisa ouviu 1.514 eleitores, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais e nível de confiança de 95%.


Apesar da vantagem expressiva de JHC nesse recorte, especialistas ressaltam que o levantamento reflete apenas a realidade da capital e da Região Metropolitana. No restante do Estado, sobretudo no interior, o senador licenciado e ministro Renan Filho mantém ampla reduta eleitoral, herança de anos de articulação política e da presença consolidada do MDB em praticamente todos os municípios.


É no interior que Renan se fortalece, contando com a força da máquina pública estadual e com alianças históricas. Já JHC, embora tenha conquistado simpatias pontuais em cidades estratégicas, ainda não conseguiu traduzir sua popularidade da capital em influência massiva no interior. A maioria dos apoios que recebe fora de Maceió vem de grupos de oposição locais, que buscam projetar seu nome como alternativa à hegemonia do MDB, mas sem a mesma estrutura política e administrativa que Renan Filho carrega.


O contraste é claro: se na capital e entorno JHC lidera com folga, no interior Renan Filho segue soberano, pavimentando uma disputa que promete ser marcada por essa divisão entre Maceió e o restante de Alagoas.