POLÍTICA E SEGURANÇA PÚBLICA

Único deputado de direita a criticar operação no Rio relata ataques: 'pastor comunista'

Otoni de Paula, pastor evangélico e apoiador de Bolsonaro, enfrenta hostilidades após se posicionar contra a operação policial mais letal da história do país e dialogar com parlamentares de esquerda.

Publicado em 05/11/2025 às 15:42
Otoni de Paula Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

Uma foto ao lado de deputados de esquerda no Complexo da Penha e seu posicionamento crítico à operação policial mais letal da história do Brasil, que resultou em 121 mortos, bastaram para que o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), pastor evangélico, fosse rotulado de "pastor comunista". Desde que se manifestou contra o desfecho da megaoperação na zona norte do Rio de Janeiro, o parlamentar passou a ser alvo de ataques por parte de militantes alinhados à direita.

Pastor da igreja Ministério Missão de Vida e apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Otoni passou a ser alvo de perseguição nas redes sociais após afirmar na Câmara dos Deputados que a operação na Penha e no Alemão foi um "teatro espetacular" e, segundo ele, demonstrar empatia com as famílias das vítimas nos complexos de favelas.

"Eu sempre separo o que é direita e o que é a direita bolsonarista. Está ficando muito claro para as pessoas das comunidades que a direita não tem empatia ou preocupação nenhuma com quem vive a realidade da comunidade. É o que está parecendo. Eu sou deputado federal, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, e agora não posso mais aparecer ao lado de deputados de esquerda? Sou livre para dialogar", afirma Otoni.

Segundo o parlamentar, "a direita está jogando as favelas no colo da esquerda" ao não demonstrar empatia e preocupação com os moradores das comunidades. Otoni defende o papel da igreja evangélica na "contenção da barbárie nas favelas".

"Podem me atacar, não há nenhum problema. O problema é que está ficando claro que, na verdade, a direita não tem empatia e preocupação com quem está na favela. É o que está parecendo. Se não quiserem agir por empatia ou por sinceridade, que hajam por inteligência. Hoje, 70% da nossa cidade é tomada pelas comunidades. Bairro já virou comunidade. Assim, a direita joga parte da comunidade no colo da esquerda", reforça o deputado.

Otoni destaca ainda que a igreja evangélica atua onde o Estado não chega e afirma que, sem a presença da religião, "teríamos barbáries muito maiores" nas comunidades.

"A igreja evangélica é o grande muro de contenção da barbárie. Dentro da comunidade, se não houvesse a igreja evangélica com a capilaridade, empatia e palavra humanizada que ela tem, teríamos hoje barbáries muito maiores do que as que já existem. É ela que leva o social, que divide o pão dentro da comunidade", conclui Otoni.