POLÍTICA SOCIAL

Gás do Povo pode ser lançado ainda neste mês, afirma representante do Executivo

Novo programa substituirá o Auxílio Gás e pretende ampliar o benefício para até 15,5 milhões de famílias até 2026

Publicado em 13/11/2025 às 16:26
Reprodução / Agência Brasil

O programa Gás do Povo deve começar a funcionar ainda neste mês de novembro, conforme anunciou o Poder Executivo. A iniciativa substituirá o Auxílio Gás com o objetivo de ampliar o benefício de 5,6 milhões para 15,5 milhões de domicílios até março de 2026.

Durante audiência pública realizada na quarta-feira (12), a diretora de Programas do Ministério do Desenvolvimento Social, Analúcia Alonso, afirmou que as primeiras famílias serão atendidas já neste mês. Segundo ela, até março de 2026, todos os beneficiários poderão recarregar gratuitamente os botijões de gás pagos pelo governo.

O debate aconteceu na comissão mista responsável pela análise da MP 1.313/2025, que institui o programa Gás do Povo. A medida irá contemplar famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), com renda de até meio salário mínimo por pessoa (atualmente R$ 759). Quem recebe o Bolsa Família terá prioridade no atendimento.

A principal mudança do novo programa é que o benefício não será mais pago em dinheiro, mas por meio da retirada gratuita do botijão nas revendedoras credenciadas. De acordo com o diretor da Caixa Econômica Federal, Marcelo Viana Paris, o beneficiário poderá utilizar qualquer cartão do banco. Quem não possuir conta deverá informar o CPF na maquininha e receberá um código para liberar o produto.

Lenha e carvão

O objetivo, segundo Analúcia Alonso, é combater a pobreza energética — a falta de acesso a formas seguras de energia, como o gás de cozinha. Antes, parte dos beneficiários utilizava o valor do auxílio em outras despesas.

“Os indicadores ainda são alarmantes sobre as pessoas que não conseguem cozinhar com segurança. Isso afeta a saúde de mulheres e crianças, com fuligem e queimaduras”, destacou Alonso.

O superintendente-adjunto da Empresa de Pesquisa Energética, Marcelo Cavalcanti, informou que 30% da energia utilizada para cozinhar no Brasil ainda provém de lenha ou carvão vegetal, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.

Preços

O presidente do Sindigás, Sergio Bandeira de Mello, avaliou que o programa pode elevar o consumo de gás em 60 milhões de botijões quando estiver plenamente implantado. No entanto, ele ponderou que a tabela de preços proposta pelo governo gerou preocupação no setor, pois diverge dos valores pesquisados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

O presidente da Abragás, José Luiz Rocha, também defendeu a adoção dos preços da ANP para estimular a adesão das revendedoras. Ele destacou que, em alguns estados, os valores definidos pelo governo estão até R$ 30 abaixo dos praticados no mercado.

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP), autor da lei que criou o Auxílio Gás e vice-presidente da comissão mista, defendeu que a MP 1.313/2025 seja votada ainda neste ano, já que o texto perde a validade em 11 de fevereiro de 2026.