COP30 | GÊNERO E CLIMA

Parlamentares defendem integração de gênero em ações climáticas durante debate na COP30

Deputadas e especialistas destacam impactos desproporcionais da crise climática sobre mulheres e propõem inclusão de direitos reprodutivos e recursos específicos em políticas ambientais globais.

Publicado em 14/11/2025 às 18:27
Xakriabá propôs que 5% dos investimentos climáticos dos países sejam destinados à agenda de gênero e clima Claudio Araujo

Parlamentares brasileiros e especialistas defenderam a integração entre gênero e clima durante o debate "Promovendo ação climática equitativa: abordagens parlamentares para soluções sensíveis ao gênero", realizado na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA).

O evento, organizado pela União Interparlamentar, Câmara dos Deputados e Senado Federal, reuniu representantes de 47 países e destacou que as mulheres estão entre as mais afetadas pela crise climática.

A deputada Célia Xakriabá (Psol-MG) defendeu a internacionalização do projeto Sem Mulher Não Tem Clima , que mapeia casos de violência contra meninas e mulheres relacionados à crise climática e aos crimes socioambientais. Segundo ela, 20 países já aderiram à campanha.

Durante sua fala, a deputada citou episódios de violência ligados à crise Yanomami: "Mais de 30 meninas foram estupradas em troca de comida. Também há tráfico de mulheres causado pela mineração ilegal em territórios indígenas. Mulheres Kayapó e Guarani Kaiowá sofrem malformações por contaminação por mercúrio", ocasionalmente.

Célia Xakriabá propôs que 5% dos investimentos climáticos dos países sejam destinados à agenda de gênero e clima.

Julia Bunting, diretora do Fundo de População da ONU (UNFPA), destacou que os parlamentares são o “elo entre política, orçamento e comunidades” e defendeu a inclusão de direitos reprodutivos nas metas climáticas nacionais, conhecidos como NDCs.

A médica Flavia Bustreo, ex-assessora da direção da Organização Mundial da Saúde (OMS), informou que as negociações do Plano de Ação de Gênero na COP30 enfrentam resistência à inclusão do termo saúde reprodutiva.

A senadora Leila Barros (PDT-DF) ressaltou que a crise climática é também social, econômica e de gênero. Segundo ela, as mulheres sofrem com eventos extremos, insegurança alimentar e perda de meios de subsistência, além de serem minoria nos espaços de decisão.

"Não há transição justa sem a força e a voz do protagonismo feminino. Que a União Interparlamentar lidere conosco a construção de uma agenda parlamentar que assegure voz, recursos e poder para que as mulheres, em todos os seus países, possam executar essa missão", afirmou o senadora.