MEIO AMBIENTE

Cúpula dos Povos encerra atividades em Belém com carta sobre clima entregue à ONU

Documento reúne propostas de 1,1 mil organizações de 65 países e destaca justiça climática, participação popular e críticas ao modelo de produção capitalista

Publicado em 17/11/2025 às 17:50
Deputados Bohn Gass, Airton Faleiro e Tarcísio Motta (em pé) no encerramento da Cúpula dos Povos Bruno Peres/Agência Brasil

A Cúpula dos Povos chegou ao fim neste domingo (16), em Belém, com a entrega de uma carta aberta à Conferência da ONU sobre Mudança do Clima. Parlamentares da Câmara dos Deputados acompanharam o evento, realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA).

O documento apresenta 15 propostas elaboradas por 1,1 mil organizações da sociedade civil de 65 países. Entre as principais demandas estão:

• Fim da exploração de combustíveis fósseis;
• Reparação de perdas e danos causados a populações atingidas por grandes projetos de energia e mineração;
• Gestão popular das políticas climáticas nas cidades;
• Demarcação dos territórios de povos tradicionais;
• Fomento à agroecologia.

A deputada Duda Salabert (PDT-MG), presidente da Subcomissão Especial da Comissão de Meio Ambiente da Câmara sobre a COP30, participou das atividades durante os cinco dias do encontro. “Aqui na Cúpula dos Povos há debate sobre justiça climática, com protagonismo de indígenas, mulheres e comunidades tradicionais. Estamos aqui para mostrar que a Amazônia é um território vivo”, afirmou.

Em suas redes sociais, Duda Salabert avaliou que a COP30 apresenta avanços mínimos e enfrenta impasses entre países ricos e pobres. Segundo ela, o lobby dos combustíveis fósseis dificulta as negociações, enquanto a diplomacia brasileira busca avanços em temas como financiamento climático, adaptação e critérios para medir injustiças climáticas.

Marcha pelo Clima
Desde a Eco-92, a Cúpula dos Povos é considerada o principal evento paralelo das conferências climáticas. A edição deste ano reuniu 25 mil credenciados e promoveu a Marcha Global pelo Clima nas ruas de Belém.

Segundo Duda Salabert, o “grito das ruas” pode influenciar decisões, desde que os governos estejam dispostos a ouvir “quem está do lado de fora” e não apenas “o lobby fóssil”. “As ruas de Belém deixaram claro: a paciência acabou”, declarou a deputada nas redes sociais.

O deputado Nilto Tatto (PT-SP), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, também acompanhou a mobilização. “A participação da Cúpula dos Povos busca influenciar o debate global. A mobilização mostra que não é possível enfrentar a crise climática sem enfrentar a desigualdade.”

Para o deputado Tarcísio Motta (Psol-RJ), “a saída para o colapso climático está nesses movimentos sociais, nesses povos – indígenas, quilombolas, ribeirinhos, povos das florestas e das cidades. É preciso que a unidade desses movimentos construa a terra como casa comum e supere as contradições do capitalismo”.

O deputado Chico Alencar (Psol-RJ), coordenador do grupo de trabalho sobre educação ambiental da Frente Parlamentar Ambientalista, também participou das atividades. “Nossos biomas sofrem pressão econômica. Defendemos a luta por justiça climática e ambiental, com educação ambiental para mudar esse cenário.”

Críticas ao modelo de produção
A carta final do evento associa a crise climática ao modelo de produção capitalista e critica a privatização, mercantilização e financeirização de bens comuns e serviços públicos.

O presidente da COP30, embaixador André Correa do Lago, participou da solenidade de encerramento. “Precisamos ouvir a ciência e os povos”, afirmou.