Carnaval 2026 em SP ecoará luta indígena após COP30
Gaviões da Fiel abordará tema pela 1ª vez em desfile no Anhembi

Ao som vibrante da "Ritimão", a escola de samba Gaviões da Fiel promete estremecer o Sambódromo do Anhembi no Carnaval de São Paulo em 2026 com um enredo que ecoa como um grito ancestral: a luta e o legado dos povos indígenas brasileiros na defesa da floresta e da vida, tema que ganha mais relevância por ser apresentado no momento em que o Brasil está no centro dos holofotes globais por causa da COP30, em Belém.
Essa será a primeira cúpula climática da ONU realizada em plena Amazônia e servirá para levar ao mundo a voz dos povos nativos, inspirando os Gaviões a levar para a avenida uma mensagem de urgência e beleza, celebrando o legado de quem há séculos guarda as raízes do Brasil: "Vozes Ancestrais Para Um Novo Amanhã".
Com o tema desenvolvido pelos carnavalescos Rayner Pereira e Júlio Poloni, a agremiação promete um desfile forte, poético e politizado, exaltando a memória, a resistência e a espiritualidade dos povos originários.
"É um enredo extremamente atual, principalmente por tudo o que está acontecendo no Brasil, como o avanço do desmatamento. E os Gaviões da Fiel têm essa voz, essa luta, muito forte pelas minorias", afirmou à ANSA o presidente da escola, Alexandre Domênico Pereira, conhecido como Alê, admitindo que abordar um tema indígena é um grande desafio.
Alê também garantiu que o desfile levará à avenida uma defesa firme dos povos indígenas, marcada por representatividade, emoção e garra. "Eu costumo dizer: o terremoto vai passar no Anhembi mais uma vez", declarou ele, lembrando do desfile deste ano, no qual a agremiação ficou na terceira colocação, a apenas um décimo da campeã Rosas de Ouro, apresentando um enredo afro também pela primeira vez.
Mais do que uma celebração popular, o Carnaval tem se afirmado, ano após ano, como um poderoso palco de denúncia, memória e resistência cultural, apresentando aos foliões enredos com narrativas sociais, políticas e históricas.
Para a professora especialista em história da arte e musa dos Gaviões da Fiel, Aline Azevedo, já faz parte da tradição da escola "trazer temas sociais e políticos" para o Carnaval.
"De forma leve e descontraída podemos trazer reflexões importantes sobre a luta e preservação da identidade e da cultura dos povos originários. E também sobre a preservação do meio ambiente, que é a pauta de um evento mundial tão importante como a COP30", concluiu ela à ANSA.