Cris SNJ reafirma sua história no Rap com o EP Cultura de Preto
Projeto reúne cinco faixas que exaltam a ancestralidade, a resistência e a força da mulher preta; A faixa “Instinto Pantera”, ganha clipe celebrando o Dia da Consciência Negra
Cris SNJ, uma das vozes femininas mais emblemáticas do rap nacional, lança o EP Cultura de Preto, obra que celebra 25 anos de caminhada e reafirma sua trajetória como símbolo de resistência e empoderamento. O projeto contempla cinco faixas inéditas que vão do rap ao samba rock, passando pelo G Funk, com letras que são um manifesto em defesa da cultura preta e da sobrevivência através da arte, unindo espiritualidade, ancestralidade e força feminina. Ouça nas plataformas digitais.
O EP se inicia com “Herança Ancestral”, uma introdução poética que carrega a força de Ogum e Oxalá em versos que invocam fé, luta e identidade. A faixa funciona como um chamado espiritual e político, um cântico de origem que prepara o terreno para as batalhas narradas ao longo do trabalho. “Venho de longe, sou terra e sou pó, feita no fogo, em coragem e suor”, recita Cris, em tom ritualístico, firmando o elo entre passado e presente.
Entre os destaques está “Instinto Pantera”, que ganha videoclipe no dia 19 de novembro, celebrando o Dia da Consciência Negra. Com produção de Vibox e participação da rapper e poetisa Poeta Desperta, a faixa sintetiza a essência do projeto: resistência, denúncia e poder. “A música Voz Ativa do Racionais MC’s me impactou demais. Sempre quis criar algo nessa mesma pegada, que fosse um soco na cara dessa sociedade que apaga as mulheres negras”, conta Cris. Assista “Instinto Pantera” no canal da Cris SNJ no YouTube.
Gravada durante um período intenso de sua vida, quando ainda conciliava o trabalho como trancista e faxineira, com o sonho de viver de arte, “Instinto Pantera” é um grito urgente. “Tenho amor pelo rap, mas foi com o coração cheio de ódio que escrevi esse som, foi a forma que encontrei de canalizar esse sentimento. Eu não sei esperar, vou atrás, faço o corre e invisto no meu sonho. Não contei com a sorte, só com meus braços, mente e coragem”, afirma.
A letra reverencia figuras históricas como Lélia González e Dandara dos Palmares, e se destaca pela frase emblemática: “Não sou branca e não vendo, não sou comercial.” Em uma batida G-Funk, subgênero do hip hop popularizado nos anos 1990 por artistas como Dr. Dre, Snoop Dogg e Warren G., Cris ecoa a força das ruas e a consciência de quem transformou a dor em ferramenta de revolução.

Cris SNJ e Poeta Desperta / Frame do videoclipe Instinto Pantera
O videoclipe de “Instinto Pantera” traduz visualmente essa potência. Com figurinos inspirados nos Panteras Negras, o elenco veste preto, boinas e correntes douradas em uma estética de militância e elegância. Gravado em uma quadra de bairro, o cenário remete aos clipes de rap dos anos 90, com estética crua, atitude e autenticidade, um retorno às origens que reforça a força coletiva e o sentimento de resistência que atravessa o EP.
Natural da Restinga, em Porto Alegre, Poeta Desperta, divide a faixa com Cris SNJ. “A Cris é uma das maiores referências do rap nacional pra mim. Uma mulher que abriu portas e mostrou que o microfone também é lugar de poder para nós. Participar de ‘Instinto Pantera’ foi uma realização, uma troca entre gerações de mulheres pretas que rimam cura, coragem e consciência.”
Poeta Desperta carrega em sua trajetória o mesmo espírito de luta que atravessa o EP: o de quem transforma palavra em ponte, ferida em verso e presença em revolução. Em Cultura de Preto, o encontro entre duas gerações reafirma que o rap segue sendo ferramenta de fé, resistência e transformação.

Capa do EP Cultura de Preto / Créditos: Jorge Lepesteur
Sobre Cris SNj
Cris SNJ é uma das vozes femininas mais emblemáticas do rap nacional, com mais de 25 anos de trajetória. Integrante histórica do grupo SNJ (Somos Nós a Justiça), foi uma das pioneiras a ocupar o microfone com protagonismo e consciência. Sua música une fé, força e vivência periférica, abordando ancestralidade, resistência e empoderamento feminino. Com o EP Cultura de Preto, reafirma seu papel como referência e guardiã da cultura Hip Hop.