GLOBO PRESSIONA E GAZETA SE COMPLICA

Grupo Collor tenta preservar sinal da Globo, mas estratégia expõe irregularidades

Ministro Barroso deve decidir até dia 28 sobre contrato com televisão alagoana em meio a denúncias de irregularidades

Por Redação com querosaber Publicado em 25/09/2025 às 08:02
Reprodução

O grupo de comunicação Organização Arnon de Mello (OAM), de Fernando Collor de Mello, intensificou sua estratégia para evitar o rompimento do contrato que garante à TV Gazeta o direito de retransmitir o sinal da Rede Globo em Alagoas. A medida, porém, acabou transformando-se em um tiro no pé: ao alegar que estaria afastando Collor e o diretor-executivo Luís Amorim da gestão, a empresa acabou admitindo, na prática, que atuava em situação irregular.

A defesa da Globo foi categórica ao destacar essa contradição. Para os advogados, o afastamento anunciado não passa de um “subterfúgio formalista”, insuficiente para atender às exigências da legislação de radiodifusão. Segundo o documento, a medida é apenas “para inglês ver”, já que Collor e Amorim continuariam exercendo influência central sobre o grupo econômico, mesmo fora do quadro societário formal.

A estratégia coincidiu com um movimento judicial que reforça ainda mais a pressão contra a OAM. No mesmo dia em que o juiz Erick Oliveira Filho, da 10ª Vara Cível de Maceió, homologou o plano de recuperação judicial da empresa, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, emitiu parecer favorável ao encerramento da sociedade entre Globo e TV Gazeta. No entendimento da PGR, manter condenados por corrupção e lavagem de dinheiro na estrutura de comando viola o interesse público e fere a ordem jurídica que rege o sistema de radiodifusão.

Para juristas que acompanham o caso, trata-se da manifestação mais severa até agora. O parecer da PGR soma-se à série de questionamentos sobre empréstimos internos a sócios, manobras administrativas e suspeitas de manipulação em assembleias da recuperação judicial. Tudo isso reforça a percepção de que, apesar das tentativas de “maquiagem societária”, o controle do grupo continua nas mãos de Collor e Amorim.

A expectativa é de que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, decida até o dia 28 de setembro, antes do término de seu mandato à frente da Corte. Caso acolha o pedido da Globo, a TV Gazeta perderá o direito de retransmitir o sinal da emissora carioca, colocando fim a uma parceria histórica e abrindo espaço para uma nova disputa pelo canal aberto mais cobiçado do país.

No fundo, a manobra da OAM deixa clara uma realidade incômoda: mudam-se as aparências, mas o comando segue o mesmo.