A artista visual Amanda Bambu lança, nesta sexta-feira (26), às 18h, o fotolivro Aquário no Carambola Lab, localizado no bairro Jaraguá, em Maceió. O trabalho, que foi contemplado com recursos da Lei Paulo Gustavo — do Governo Federal e operacionalizada pelo Governo de Alagoas — reúne o ápice de uma imersão artística iniciada durante a pandemia e consolidada em quatro anos de experimentações com fotografia subaquática.

 

A série nasceu, segundo Amanda, de um impulso criativo surgido em meio às incertezas da pandemia. Ela conta que insistiu em experimentar a linguagem subaquática mesmo diante de limitações técnicas e financeiras.

 

“Lembro que, ao pesquisar os valores das caixas estanques, tudo me parecia impossível. Os preços ultrapassavam oito, nove mil reais — completamente fora do meu contexto, ainda mais naquele momento em que eu estava praticamente sem trabalhar”, relembra.

 

Apesar das dificuldades, ela não desistiu. “Continuei procurando alternativas até encontrar uma caixa de silicone. Apesar da fragilidade e do risco de deixar meu equipamento vulnerável, decidi arriscar. Foi com ela que comecei a fotografar, e ali me encontrei”.

 

Esse mergulho, literal e simbólico, transformou-se no campo de investigação artística de Amanda, onde passou a explorar corpos, afetos e movimento. Ela explica que esse desejo não surgiu repentinamente nem era um sonho antigo.

 

“Era uma admiração silenciosa, algo que sempre me instigou. Estar imersa na água e fotografar sempre me pareceu um gesto poético, especial, intenso”, reforçou.

 

Com o tempo, o Projeto Aquário passou a retratar mulheres fora dos padrões de beleza tradicionais, incluindo mulheres cadeirantes, criando um repertório visual em que o aquário assume a metáfora do útero — espaço de origem, acolhimento e atravessamento sensível.

“Não foi algo previamente planejado ou muito bem articulado; ele simplesmente foi acontecendo, ganhando forma a cada mergulho. Tudo começou pelo meu encantamento com a fotografia subaquática”, enfatiza.

 

Na primeira vez que colocou a câmera debaixo d’água, Amanda relata ter descoberto um universo completamente novo. “Sempre digo que, naquele momento, descobri uma nova forma de fotografar, e me apaixonei. Não era no ar, não era na terra, era debaixo d’água. Foi ali que senti: ‘Hoje a fotografia faz ainda mais sentido para mim’”.

 

Com o amadurecimento do projeto, ela passou a fotografar mulheres diversas — às vezes nuas, às vezes seminuas, em diferentes formas e movimentos na água.

 

“Fotografei mulheres cadeirantes, o que foi um marco para mim. Cada sessão trazia mulheres únicas, sempre em movimento na água”, disse.

 

Para a artista, o aquário representa mais do que um espaço físico. “A água, o aquário, representa um útero, um espaço de origem e acolhimento. Assim, ao longo do tempo, o projeto se transformou. Deixou de ser apenas sobre a Amanda que gosta de fotografar debaixo d’água para se tornar algo muito maior, cheio de sentidos e camadas”.

 

Concepção do fotolivro

 

Segundo Amanda, o fotolivro marca um ponto culminante em sua trajetória artística. “Costumo dizer para as pessoas que o fotolivro é o ápice do meu trabalho com a arte. É como se fosse a coroação de tudo que eu já vinha construindo. Já trabalhava com mulheres, já trabalhava com fotografia... Mas o fotolivro veio como um útero, recebendo essas mulheres, essas pessoas que fotografei. E é o meu útero — então é o meu aquário”.

 

A seleção das imagens foi feita em duas etapas: uma triagem inicial feita pela própria artista e, depois, a curadoria e edição realizadas por Jorge Vieira, profissional reconhecido no cenário fotográfico local.

 

“Primeiro fiz uma grande peneira, e depois enviei para o curador. O Jorge é uma pessoa em quem confio muito, tanto como ser humano quanto como artista. Confiei de olhos fechados, porque sabia que ele conduziria muito bem todo o contexto e a sequência do fotolivro”, comenta.

 

O livro

 

Com 31 fotografias distribuídas em 48 páginas, o fotolivro Aquário traz ainda textos de Renata Voss e Jorge Vieira. A impressão ficou a cargo da Grafmarques. O incentivo da Lei Paulo Gustavo foi fundamental para viabilizar o projeto, permitindo a participação de profissionais qualificados em todas as etapas — da curadoria à impressão.

 

“O Aquário é um fotolivro que convida a um mergulho nas imagens — um mergulho poético, sensível e imersivo. É um convite para quem estiver aberto a adentrar esse universo repleto de nuances: corpos de diferentes padrões, a delicadeza da água, a suavidade dos movimentos. Um espaço para permitir-se atravessar por essas imagens”, avalia.

 

Trajetória e contribuição

 

Com a finalização do projeto, Amanda reflete sobre sua importância em sua jornada artística. “Costumo dizer que o Aquário é a coroação de tudo que construí até aqui. Foram quatro anos dedicados exclusivamente a esse projeto, mergulhada na arte e nas possibilidades que ele me oferecia. Por isso, ele carrega um significado muito especial na minha trajetória, é o ápice do que já produzi”.

 

Ela acredita que o trabalho representa uma das criações mais significativas de sua carreira, tanto pelo alcance que teve — com exibições internacionais — quanto pela sua potência pessoal e simbólica. “É um trabalho que traduz quem eu sou: como artista e como ser humano que encontra na arte a sua forma de existir”.

 

Ficha técnica

 

Fotografias: Amanda Bambu

Tratamento de imagem: Amanda Bambu

Curadoria e edição de imagens: Jorge Vieira

Textos: Renata Voss e Jorge Vieira

Revisão de texto: Dilma de Carvalho

Capa: Jorge Vieira

Impressão: Grafmarques

Incentivo: Obra contemplada em edital da Lei Paulo Gustavo

 

Serviço

Lançamento do fotolivro Aquário — Amanda Bambu

Quando: 26 de setembro (quinta-feira), às 18h

Onde: Carambola Lab — Jaraguá, Maceió (AL)

 

Como adquirir

 

As pessoas interessadas podem entrar em contato pelo Instagram [@amandabambu]. Há link na bio e no site da artista para compra, com pagamento via pix ou cartão de crédito e entrega na residência do comprador. O exemplar também poderá ser adquirido presencialmente no lançamento, dia 26 de setembro.