Mais de sete anos após o desastre socioambiental causado pela mineração em Maceió, lideranças e coletivos se organizam para buscar a reparação dos danos morais coletivos que afetam sua identidade, memória, vínculos afetivos e simbólicos. Desde maio de 2025, algumas turmas já passaram por formações, que apoiam as organizações na escrita de projetos de reparação. Duas novas turmas têm início em 08 de outubro e seguem até dia 29. As inscrições podem ser feitas pelo site: ne2.caritas.org.br/ ou pelo formulário disponível abaixo. Mais informações pelo telefone: (81) 99216 2709.

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Implementado pela Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2, com apoio da Cáritas Arquidiocesana de Maceió e Arquidiocese de Maceió, o projeto de Formação de Lideranças e Coletivos em Organizações Comunitárias é parte do Programa Nosso Chão, Nossa História. O Programa é coordenado pelo Comitê Gestor dos Danos Extrapatrimoniais (CGDE), grupo voluntário composto por pessoas atingidas pelo desastre, e operacionalizado pelo Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS/ONU).

Para Sara Laurentino, que participou da formação, os conteúdos possibilitam às lideranças e coletivos “compreender o universo de editais e de projetos, de forma a conseguirem fazer parte de um jogo em que elas foram deixadas do lado de fora”.

O curso é realizado no formato híbrido, com aulas presenciais e remotas ao longo de quatro semanas. As pessoas participantes são incentivadas a aprender sobre o desastre socioambiental causado pela mineração, danos morais coletivos, direito à reparação, os papéis de lideranças e coletivos na reparação e, por fim, são estimuladas a escrever projetos de reparação para suas comunidades.

As formações são gratuitas, direcionadas para lideranças e coletivos, com prioridade àqueles diretamente atingidos pelo desastre socioambiental causado pela mineração.

O projeto foi selecionado na primeira geração de editais Programa Nosso Chão, Nossa História e faz parte de uma cadeia de projetos do Programa que tem por objetivo criar uma rede de lideranças, coletivos e organizações da sociedade civil capazes de trabalhar com a reparação do desastre.

"Para nós do Comitê, este projeto é crucial para o Programa, pois incentivará novas organizações em Maceió. Queremos viabilizar não só a sustentabilidade dos projetos de reparação, mas das organizações que poderão, no futuro, participar da seleção dos editais do Programa e desempenhar projetos de reparação alinhados às demandas das comunidades atingidas. Queremos não só formar, mas fortalecer essas lideranças e coletivos que já atuam aqui em Maceió", destaca Dilma de Carvalho, presidente do Comitê Gestor e ex-moradora do Pinheiro, um dos cinco bairros afetados pelo desastre.

Para Luciana Florêncio, assessora regional da área Meio Ambiente, Gestão de Riscos e Emergências (MAGRE) da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2, “os temas tratados nas formações ajudam a fortalecer vínculos comunitários, criar redes de apoio, organizar projetos e acessar espaços de controle social”, afirma.

Segundo ela, o objetivo é fomentar o protagonismo popular e criar condições para que as comunidades atingidas atuem diretamente no desenvolvimento de projetos de reparação e busquem a defesa de seus direitos. “O que está em questão vai muito além da reconstrução material. É preciso reconhecer e reparar os danos simbólicos, emocionais e identitários que essas comunidades enfrentam. Nosso compromisso é caminhar junto com essas populações, respeitando seus saberes e fortalecendo sua capacidade de se organizar coletivamente”, afirma Luciana. A reparação só é plena quando reconhece a dor e fortalece as resistências construídas pelas próprias comunidades atingidas.

Programa Nosso Chão, Nossa História

O Programa Nosso Chão, Nossa História atua na reparação dos danos morais coletivos causados pelo desastre socioambiental em Maceió, além de mitigar seus impactos e promover o bem-estar para a população atingida.

O Programa apoia projetos em diferentes áreas resultados da primeira geração de editais, como assessoria técnica e jurídica, produção de memória, fortalecimento das culturas locais, saúde mental comunitária, geração de renda, bem-estar animal e outras iniciativas. Todos os projetos foram selecionados por meio de edital, garantindo diversidade de propostas e ampla participação da sociedade civil e de órgãos públicos.

O Programa é executado pelo UNOPS, escritório de projetos da ONU, a partir das diretrizes definidas pelo Comitê Gestor dos Danos Extrapatrimoniais, com recursos oriundos de acordo firmado em ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), que responsabilizou a Braskem pelos danos morais coletivos à população de Maceió.

Serviço:

Curso de Organização Comunitária para constituição de Organizações da Sociedade Civil (OSCs), desenvolvimento de projetos de reparação, Participação Popular e Controle Social (80 horas)

• 8 a 29 de outubro: de segunda a sexta,
• Turma 1: de 14h às 18h e Turma 2: de 18h às 22h
• Local: k+ soluções Faro: Rua Dr. José de Albuquerque Porciúncula 101, Farol Maceió AL (apoio no transporte incluído)
• Inscrições pelo link: https://forms.gle/eAJgPvP11ZKUFKvN8
• Mais informações: (81) 99216 2709