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Professora da Ufal ganha prêmio com trabalho de matemática antirracista

Artigo de Juliana Theodoro vai receber Cátedra Internacional

Por Ascom Ufal Publicado em 01/12/2025 às 08:58
Juliana Theodoro

A vice-diretora do Instituto de Matemática da Ufal (IM), Juliana Theodoro, receberá premiação da Cátedra Elena Piscopia, pela Organização de Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e a Cultura (OEI). Ela venceu o 1° Concurso de Artigos Científicos da Cátedra OEI lançado para estimular a produção acadêmica e científica voltada ao tema da Transição Justa, conceito que relaciona direitos sociais, ambientais e econômicos em processos de transformação produtiva e tecnológica.

O artigo, intitulado Educação e Transição Justa: caminhos para a equidade social em tempos de transformação - matemática antirracista e decolonial como ferramenta de reparação histórica e tecnológica ficou em segundo lugar no eixo Educação e Capacitação Profissional, um dos eixos temáticos do edital. O artigo, tem colaboração científica com a professora Cleonis Viater, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Pato Branco. 

“Ganhar mais um prêmio, agora de categoria internacional, tem muitos significados: O caminho que estou escolhendo de focar no meu trabalho, enquanto pessoas perdem tempo em atrapalhar quando poderiam estar trabalhando e ajudando o nome da Ufal, é o caminho certo, é o caminho da luta pela forma fidedigna de igualdade e equidade de gênero, do ambiente mais sadio e respeitoso para todos, todas e todes, de qualquer gênero, principalmente os subrepresentados como o meu enquanto mulher cientista, das mulheres negras, o das pessoas LGBTQI+, dos PcD’s, neurodivergentes e etc. É a transição justa na prática. É colocar a nossa Ufal como protagonista de ações progressistas e democráticas, desenvolvedora de ciência que realmente muda o mundo”, reforçou Juliana, comemorando a trajetória.

A Cátedra Elena Piscopia, fruto da parceria entre a OEI, o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) e instituições acadêmicas nacionais e internacionais, como a Universidad de Granada, na Espanha e o Industriall Global Union, tem como missão impulsionar conhecimento crítico e interdisciplinar que fortaleça políticas públicas inclusivas, sustentáveis e inovadoras. O concurso, idealizado e financiado pela OEI, leva o nome da filósofa veneziana que foi a primeira mulher a receber um diploma universitário.

A iniciativa representa uma oportunidade para estudantes, pesquisadores e docentes contribuírem com reflexões sobre desafios contemporâneos. O concurso previa a seleção de artigos inéditos em três áreas de concentração: Educação e Capacitação Profissional; Direito, Regulação e Economia; e Novas Tecnologias, Engenharias e Transformações Sociais. Puderam participar estudantes de graduação, pós-graduação, pesquisadores e docentes vinculados às instituições conveniadas à Cátedra.

A cerimônia de premiação aos vencedores será neste mês de dezembro, em Brasília. Serão concedidos prêmios em dinheiro aos três primeiros colocados, que também terão seus trabalhos publicados em coletâneas temáticas.

A Matemática Antirracista é um dos temas de pesquisa em educação matemática aplicada ao ensino básico e aborda a necessidade de uma transformação profunda nos sistemas educacionais, utilizando a matemática como um elemento central para promover a equidade social e combater o racismo estrutural. Essa é uma das áreas estudadas no Laboratório Formação e Engajamento de Mulheres nas Exatas e Aplicações (Femea), vinculado ao Mestrado Profissional em Rede Nacional (Profmat/IM/Ufal), coordenado pela professora Juliana.

Cleonis Viater trabalha em parceria com o Femea na coordenação adjunta de alguns projetos geridos no laboratório, e em breve será recebida como pós-doutoranda do IM, tendo Juliana como supervisora.

O Laboratório Femea

O Femea ganhou espaço físico recentemente no prédio do Centro de Pesquisa em Matemática Computacional (CPMAT), localizado no Instituto de Matemática. Vários estudos frutos do Femea já foram publicados e premiados ao longo dos sete anos do projeto Mulheres nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação nas escolas  da rede pública de ensino de Alagoas e dos dois anos consecutivos do projeto Ciência por Trás das Grades - Ações de Empoderamento Feminino nas Exatas para Mulheres Privadas de Liberdade, realizado no Sistema Prisional Feminino Santa Luzia de Maceió, ambos coordenado por Juliana Theodoro. 

A conquista do espaço físico teve apoio do professor Hilário Alencar, decano do IM e coordenador do CPMAT, além do professor André Aquino, um dos responsáveis pelo Laboratório de Computação Científica e Análise Numérica (Laccan), que é lotado no Instituto de Computação e cedeu um de seus espaços físicos para o nascimento do Femea. 

O laboratório tem colaboração de seis professoras pesquisadoras das áreas de exatas da Ufal, pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), o juiz e o Conselho da Comunidade da 16ª Vara Criminal de Alagoas. Além disso, possui aproximadamente 30 alunas de iniciação científica e extensionista das áreas de exatas da Ufal.

Prêmios, ações e condecorações

Juliana Theodor é co-autora da Lei Municipal do Dia das Mulheres nas Ciências, de autoria da vereadora Teca Nelma. Maceió é a única capital do Brasil a ter tal decreto. A professora paulistana recebeu o Título de Cidadã Honorária de Maceió e Comenda Senador Aurélio Viana, concedida pela Câmara dos Vereadores de Maceió à personalidades reconhecidas pelos relevantes serviços na área da educação na capital.

Ela também ganhou o Prêmio Elas na Matemática, no quesito Faz a diferença na educação, pela Sociedade Brasileira de Matemática, em parceria com o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); além do Prêmio Sinpete de Divulgação Científica. Seu projeto Mulheres nas Exatas, Engenharias e Computação nas escolas consta, ainda, na base de dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).