Osmar Stábile é eleito presidente do Corinthians para continuar mandato de Augusto Melo

Os conselheiros do Corinthians elegeram nesta segunda-feira, 25, Osmar Stábile para cumprir mandato-tampão como presidente, cargo que ocupava interinamente desde maio, quando Augusto Melo foi afastado preventivamente da presidência.
O impeachment foi confirmado no dia 9 de agosto, em assembleia de sócios que confirmou a nova eleição, na qual o agora novo presidente teve 199 votos contra 50 de Roque Citadini, figurão da política do clube, e 14 de André Castro, que prometeu aporte de US$ 1 bilhão (R$ 5,5 milhões) ao clube. Apenas membros do Conselho Deliberativo e vitalícios puderam participar da votação.
Agora oficialmente no poder, Stábile tem de continuar resolvendo os muitos problemas que já eram de sua responsabilidade. Primeiro vice eleito na chapa de Augusto Melo em 2023, o empresário do ramo da indústria metalúrgica se desvinculou rapidamente do nome do ex-aliado, réu por lavagem de dinheiro, associação criminosa e furto qualificado por irregularidades no contrato com a antiga patrocinadora Vai de Bet. Melo se diz inocente e vítima de um "processo ilegítimo."
Stábile tem missões imediatas para justificar a confiança depositada nele. A primeira delas é derrubar o transfer ban, punição da Fifa que impede o time de registrar novos jogadores, imposta pelo não pagamento de dívida de R$ 33 milhões ao Santos Laguna. O valor é referente à compra do zagueiro Félix Torres.
Torcedores organizados marcaram presença nos arredores do Parque São Jorge e reforçaram que não apoiavam nenhum dos candidatos. Em faixas estendidas no local, a principal mensagem era o pedido pela reforma no estatuto do clube.
Também foram exibidas imitações de nota de R$ 100, cujo verso mostrava o rosto de dirigentes e a mensagem: "Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão". Augusto Melo, Andrés Sanchez, Duilio Monteiro Alves, Roberto de Andrade e Mário Gobbi era algumas das figuras que estampavam o objeto.
Sem força política desde o impeachment, Melo viu seu grupo de apoio ruir e se dividir entre Citadini e Stábile. Já o grupo Renovação e Transparência (R&T), liderado por Andrés, continuou com força mesmo depois de o ex-presidente admitir ter usado o cartão corporativo do clube para gastos pessoais em sua última gestão - ele diz ter se confundido.
Citadini, que foi oposição de Andrés por muitos anos, conseguiu cooptar apoio de peças importantes do grupo e deu tração à candidatura. Aposentado compulsoriamente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), há cerca de duas semanas, transferiu o foco para a eleição. Na última sexta-feira, disse ao Estadão que não pensava em concorrer, mas mudou de ideia porque via o Corinthians em uma situação "quase sem saída."
André Castro, por sua vez, era o azarão da disputa. Ganhou visibilidade ao prometer um aporte de US$ 1 bilhão ao clube por meio de um banco, como disse até a coletiva de imprensa para revelar o nome do parceiro. Tratava-se de um banco de fomento mercantil, não de uma instituição financeira, mas a empresa divulgou uma nota para afirmar que teria condições de cumprir o acordo.
Do lado vencedor, apoios importantes foram conquistados para levar Stábile à presidência. É o caso dos influentes Paulo Garcia, Antônio Rachid, Miguel Marques e Fran Papaiordanou.
Ao longo dos dias que antecederam a eleição, o então interino preferiu a discrição e trabalhar apenas nos bastidores, enquanto seus adversários foram à imprensa. No entendimento dele e de seu círculo mais próximo, a comunicação sobre o que planejava para o mandato-tampão estava implícita na forma como vinha administrando o clube.