CIÊNCIA E CURIOSIDADES

Buraco negro microscópico no corpo humano seria menos perigoso que bala de calibre 22, diz físico

Estudo aponta que mesmo um buraco negro com 100 bilhões de toneladas causaria menos danos ao atravessar o corpo humano do que um projétil de arma de fogo comum.

Por Por Sputnik Brasil Publicado em 25/11/2025 às 05:01
© Foto / Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA / Jeremy Schnittman e Brian P. Powell

A travessia de um buraco negro microscópico pelo corpo humano pode soar assustadora, mas, segundo o físico Robert Scherrer, o risco é quase inexistente: mesmo um objeto com 100 bilhões de toneladas provocaria menos danos do que uma bala de calibre 22.

O novo estudo, conduzido por Scherrer, da Universidade Vanderbilt (EUA), investigou o que aconteceria se um buraco negro microscópico atravessasse o corpo humano. O resultado surpreende: para massas abaixo de determinado limite, os danos seriam mínimos, semelhantes ao impacto de um projétil calibre 22.

De acordo com Scherrer, o principal efeito não viria da gravidade do buraco negro, mas sim da onda de choque supersônica gerada por sua passagem. Mesmo um buraco negro de 100 bilhões de toneladas causaria menos estragos do que uma bala comum. O interesse científico pelo tema foi renovado após recentes observações de radiação gravitacional e novas imagens de buracos negros.

Esses objetos hipotéticos, conhecidos como buracos negros primordiais, teriam surgido nos primeiros instantes do Universo, logo após o Big Bang, em regiões de densidade extrema. Embora possam ser considerados uma explicação para a matéria escura, a maioria dos cientistas acredita que sua formação é extremamente rara, insuficiente para explicar o excesso de gravidade observado no cosmos.

Ainda assim, a possibilidade de sua existência suscita questões intrigantes. Scherrer calculou que somente buracos negros com massa mínima de 140 bilhões de toneladas poderiam causar danos significativos ao atravessar o corpo humano. Mesmo assim, seriam minúsculos: com apenas 0,4 picômetros de diâmetro, muito menores que um átomo de hidrogênio.

Por se deslocarem a velocidades elevadas — cerca de 200 quilômetros por segundo —, esses buracos negros interagiriam pouco com o tecido humano. O choque supersônico, porém, poderia dilacerar a carne de modo semelhante ao impacto balístico. Além disso, a força gravitacional desigual, chamada de força de maré, poderia esticar e despedaçar tecidos em um fenômeno conhecido como espaguetificação.

Para que esse efeito gravitacional fosse realmente perigoso, o buraco negro precisaria ter pelo menos 7 trilhões de toneladas, massa suficiente para afetar o cérebro humano. Nesse cenário, os danos da espaguetificação se somariam ao trauma do rastro supersônico, tornando o evento fatal.

Apesar das especulações, Scherrer enfatiza que a chance de um encontro como esse é virtualmente nula. A frequência estimada de colisão entre um buraco negro primordial e um ser humano seria de uma vez a cada quintilhão de anos — um intervalo muito superior à idade do Universo. Em resumo, mesmo que existam, esses buracos negros são tão raros que dificilmente representarão qualquer ameaça real.