Duas descobertas realizadas durante a temporada de escavações de 2025 em Sefertepe, no sudeste da Turquia, estão lançando nova luz sobre o universo simbólico do Neolítico na Anatólia: uma conta microesculpida de aproximadamente 8.500 anos e uma sala de crânios datada de cerca de 10 mil anos.

Segundo os arqueólogos, os achados evidenciam que, mesmo distante da monumentalidade de sítios como Gobekli Tepe ou Karahan Tepe, Sefertepe possuía uma tradição artística própria, marcada por sofisticação e originalidade.

“O conjunto de contas de Sefertepe demonstra claramente que este não era um assentamento isolado. As pessoas aqui estavam conectadas e expressavam essas conexões nos materiais que escolhiam”, afirmou o diretor das escavações, Emre Guldogan.

A primeira descoberta de destaque foi um pequeno bloco de pedra com dois rostos humanos esculpidos lado a lado: um em alto-relevo e outro de forma mais suave e quase espectral. Para a equipe, esse contraste não é acidental e pode indicar identidades distintas ou diferentes estados simbólicos.

Paralelamente, os arqueólogos encontraram uma conta de basalto com dois rostos minúsculos, considerada uma peça de artesanato raríssima para o período neolítico. O artefato, provavelmente utilizado como adorno ou amuleto, demonstra o domínio técnico da microescultura pelos habitantes do local.

A segunda grande revelação veio de uma câmara onde foram depositados cuidadosamente 22 crânios humanos, muitos deles sem mandíbula e sem qualquer outro osso associado. A chamada "sala dos crânios" sugere rituais complexos relacionados à memória e ao tratamento seletivo dos mortos.

A poucos metros dali, sete indivíduos foram encontrados enterrados com esqueletos completos, o que aponta para práticas funerárias paralelas e diferentes simbologias dentro do mesmo assentamento.

De acordo com os pesquisadores, a combinação entre arte em miniatura, esculturas experimentais e rituais mortuários dualistas revela que Sefertepe ocupou um papel singular no mosaico cultural da região de Tas Tepeler. As descobertas indicam uma sociedade em que o simbolismo permeava tanto grandes manifestações quanto o universo íntimo dos objetos pessoais.

Por Sputnik Brasil