TARIFAS

Guerra tarifária: 'Enquanto uns choram, outros vendem lenço' e BRICS vai vender, avalia senador

Publicado em 02/05/2025 às 15:10
© Foto / Isabela Castilho/ Itamaraty

A recente guerra tarifária imposta pelo EUA gera adversidades, mas também oportunidades, e o Brasil pode vir a ter ganhos como membro do BRICS, afirmou em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil o senador Irajá Abreu (PSD-TO), que também é presidente do Grupo Parlamentar de Relacionamento com o BRICS.

"A gente tem uma expressão que diz que enquanto uns choram, outros vendem lenço. Então, é um problema que está acontecendo mundialmente [...] Nesse contexto, os laços comerciais dos países integrantes do BRICS tendem a se fortalecerem, porque temos uma diversidade entre os países do BRICS enorme", ponderou.

Ele deu como exemplo a exportação da soja brasileira para a China, que atualmente já representa cerca de 30% da produção:

"Claro que existe também uma parcela significativa de comercialização de commodities do Brasil para os Estados Unidos, especialmente minério de ferro. Então, essas tarifas impostas pelo governo americano acabam criando a necessidade do Brasil de buscar outras alternativas de mercado consumidor. E a China e outros países membros do BRICS são, sim, uma grande alternativa para esse momento delicado que nós estamos passando, seja para a venda de soja, de carne, de minério, entre outros produtos que o Brasil comercializa no mercado internacional".

O parlamentar destacou a diversidade da matriz de produção do grupo formado por 11 países para articular a cooperação do Sul Global, o que deve fortalecer as relações comerciais entre seus membros.

"Há produtores de combustível fóssil, de energia renovável, países com vocação em produtos manufaturados e detentores de inovação em tecnologia [...] A tendência é que o bloco fique cada vez mais forte e as relações comerciais possam ser ampliadas".

Ele também comentou os preparativos do XI Fórum Parlamentar do BRICS que o Senado vai organizar entre os dias 3 e 5 de junho e as principais demandas do Parlamento em relação ao grupo.

"Existe também um interesse nacional com relação aos investimentos ligados à logística. Nesse contexto, temos aqui um grande projeto da hidrovia do Arco Norte, que passará a ser o novo modal para escoar a produção do Arco Norte do país, que produz quase 40% de toda a soja produzida no Brasil, e que terá nessa perspectiva a hidrovia, meio de transporte mais barato e menos emissor de gases geradores do efeito estufa".


Por Sputinik Brasil