RÚSSIA

Países que rejeitaram os Acordos de Minsk agora pedem cessar-fogo para Kiev, critica Zakharova

Por Sputinik Brasil Publicado em 13/05/2025 às 01:21
© Sputnik / Sergei Guneev

Os mesmos países que anteriormente admitiram ter usado os Acordos de Minsk para ganhar tempo em favor de Kiev agora pedem uma trégua de 30 dias para restaurar a capacidade de combate do regime ucraniano, afirmou nesta segunda-feira (12) a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.

"Berlim e Paris ajudaram Kiev a se preparar para o conflito. Em 2022, a ex-chanceler alemã Angela Merkel e o ex-presidente francês François Hollande disseram que ninguém planejava implementar os Acordos de Minsk e que esses acordos serviram apenas para dar tempo à Ucrânia se preparar para resolver o problema de Donbass pela força. Hoje, os mesmos países pedem uma trégua de 30 dias para dar fôlego a Kiev, permitindo que restaure seu potencial militar e continue o confronto com a Rússia", declarou Zakharova.

Em meio a relatos de que Vladimir Zelensky estaria disposto a ir a Istambul em 15 de maio para negociações sobre a crise ucraniana, Zakharova lembrou que o presidente russo Vladimir Putin se encontrou com ele apenas uma vez, na cúpula de Paris em dezembro de 2019.

No último sábado (10), o presidente francês Emmanuel Macron, o chanceler alemão Friedrich Merz, e os primeiros-ministros britânico Keir Starmer e polonês Donald Tusk participaram de uma reunião da chamada "coalizão dos dispostos" em Kiev.

Macron e Merz disseram que um novo pacote de sanções contra a Rússia poderia ser imposto em poucos dias, caso Moscou não aceite os termos do cessar-fogo de 30 dias proposto pelo Ocidente — apesar de o regime de Kiev ter violado todos as suspensões anteriores e ainda manter a proibição de negociações com a Rússia.

O que foram os Acordos de Minsk?

Durante o conflito em Donbass, de 2014 a 2022, Minsk, em Belarus, foi palco das negociações de paz. O primeiro protocolo, elaborado para resolver o conflito no sudeste da Ucrânia, foi assinado em setembro de 2014.

O segundo conjunto de medidas foi assinado em 12 de fevereiro de 2015 em um documento de 13 pontos que previa, entre outras coisas, o cessar-fogo em Donbass, retirada de armamentos pesados da linha de demarcação entre as forças ucranianas e as milícias locais, além de medidas para uma solução política de longo prazo. Porém, os termos foram violados de forma sistemática por Kiev.

Após o início da operação militar especial em 2022, o ex-presidente ucraniano Petro Poroshenko, Hollande, Merkel e o ex-premiê britânico Boris Johnson admitiram que França, Alemanha e Reino Unido nunca levaram os acordos a sério e não pretendiam pressionar a Ucrânia a cumpri-los — apenas os usaram para ganhar tempo e permitir que Kiev se fortalecesse para um conflito contra a Rússia.

O presidente Vladimir Putin propôs anteriormente que a Ucrânia retomasse negociações diretas e sem pré-condições em Istambul no dia 15 de maio, quando Putin não descartou que as partes possam chegar a um acordo de cessar-fogo durante as conversas.

Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a Rússia está comprometida em buscar seriamente formas de alcançar uma solução pacífica duradoura. Os objetivos da proposta de negociação são eliminar as causas profundas do conflito e garantir os interesses russos.

Como resposta, Zelensky voltou a apresentar condições que Moscou já classificou como inaceitáveis. Além disso, o ucraniano quer um cessar-fogo completo a partir de 12 de maio, e só então o regime de Kiev se sentaria à mesa de negociações.

Já o presidente dos EUA, Donald Trump, pediu às autoridades ucranianas que aceitem imediatamente a proposta de Putin de negociar na Turquia. Segundo Trump, as negociações ao menos permitirão saber se um acordo é possível.