Palmeira dos Índios: Julio Cezar admitiu em podcast estagnação mesmo após oito anos de sua gestão na cidade

Em entrevista ao CMcast, o ex-prefeito de Palmeira dos Índios e atual secretário de Relações Externas e Internacionais do governo Paulo Dantas, Julio Cezar, fez uma observação que expõe a paralisia econômica do município que ele comandou por oito anos. Ao comparar Palmeira com cidades como Arapiraca, Campina Grande e Caruaru, Julio Cezar reconheceu que a cidade permanece estagnada, sem crescimento populacional ou econômico significativo nas últimas duas décadas.
De acordo com dados do IBGE, Palmeira dos Índios não consegue ultrapassar a marca dos 70 mil habitantes desde o ano 2000. Um dado que o próprio ex-prefeito corroborou durante a entrevista, lançando a seguinte indagação: “Há 60 anos, Caruaru e Campina Grande tinham a mesma condição que Palmeira. Por que só Palmeira não avançou?”
A pergunta soa como um retrato de sua própria gestão. Julio Cezar passou desses 60 anos, oito anos à frente do município, mas não conseguiu transformar essa realidade. Em vez de oferecer soluções concretas, preferiu listar obras pontuais como a duplicação da rodovia que liga Palmeira a Arapiraca, obra do governo de Alagoas e a aplicação de R$ 200 milhões em saneamento básico, também recursos do governo. Entretanto, o impacto dessas ações é insuficiente para reverter o quadro de estagnação.
Durante a entrevista, o ex-prefeito tentou justificar a falta de progresso afirmando que a cidade foi vítima de um modelo político ultrapassado: “O modelo era paroquial, paternalista. Dava-se cesta básica e pronto. O mundo mudou, Palmeira não.” Mas a justificativa esbarra no fato de que ele próprio esteve no comando por quase uma década e, ao que tudo indica, não conseguiu alterar a estrutura que tanto criticou.
Enquanto isso, cidades vizinhas como Arapiraca passaram por um processo de modernização e crescimento econômico acelerado. Arapiraca se consolidou como um dos polos industriais e comerciais mais fortes de Alagoas, atraindo grandes redes varejistas, indústrias e investimentos em infraestrutura. Em contrapartida, Palmeira dos Índios segue dependente do setor público e do comércio local, sem novos empreendimentos significativos.
Julio Cezar também destacou o potencial hídrico da barragem do Bálsamo, afirmando que a infraestrutura poderia ser um motor de desenvolvimento. “Temos o maior reservatório de água doce do estado depois de Xingó, mas não conseguimos transformá-lo em vetor de desenvolvimento,” admitiu. A fala, no entanto, expõe mais uma contradição: por que ele não utilizou os oito anos de gestão para desenvolver projetos que alavancassem o uso da barragem em benefício da economia local?
Ao final da entrevista, a impressão deixada por Julio Cezar é de um líder que, apesar de permanecer anos no poder, agora age como espectador crítico da própria gestão. Ele questiona a estagnação econômica de Palmeira dos Índios, mas não assume a responsabilidade por não ter implementado um plano efetivo de desenvolvimento econômico e geração de empregos.
Para um ex-prefeito que agora ocupa um cargo estratégico no governo estadual, a contradição é evidente: como propor o desenvolvimento para o Estado enquanto sua própria cidade natal permanece estagnada há tanto tempo?