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Trump diz que Israel e Irã acertaram cessar-fogo após 12 dias de guerra

Publicado em 24/06/2025 às 07:28
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O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta segunda-feira, 23, nas suas redes sociais que Israel e o Irã tinham concordado com um cessar-fogo, após mais de uma semana de ataques - e um bombardeio americano às instalações nucleares iranianas no sábado. Os governos de Israel ou do Irã não confirmaram a trégua.

"Foi um acordo concluído entre Israel e o Irã que houve um cessar-fogo completo e total, a partir de agora, quando Israel e o Irã obtiveram se acalmado e concluíram suas missões finais em andamento", escreveu Trump. "Após esse período, a guerra será encerrada. Deus abençoe Israel, Deus abençoe o Irã, Deus abençoe o Oriente Médio, Deus abençoe os EUA e Deus abençoe o mundo."

A mensagem de Trump foi publicada horas depois que o Irã lançou 14 mísseis contra a base aérea de Al-Udeid, no Catar, a maior instalação militar americana no Oriente Médio, retaliando os ataques dos EUA contra três de suas instalações nucleares.

Aviso prévio

A resposta iraniana foi totalmente coreografada, já que o regime avisou com antecedência os governos do Catar e dos EUA, parecendo indicar um desejo de encerrar o conflito. Trump agradeceu o aviso, que permitiu que os militares americanos esvaziassem a base.

“Quero agradecer ao Irã por nos avisar com antecedência, o que possibilitou que nenhuma vida fosse perdida e ninguém ficasse ferido”, afirmou o presidente americano. "Parabéns, mundo. É hora de paz."

Mesmo antes do ataque do Irã à base americana no Catar já havia sinais de que Teerã estava buscando uma saída do confronto com os EUA. Israel também pareceu querer dizer que não pretende mais continuar a guerra. Segundo o jornal Times of Israel, o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu atuou como mediadores no Oriente Médio para passar a informação aos iranianos.

No fim de semana, Netanyahu declarou que Israel estava muito próximo de atingir seus objetivos na guerra contra o Irã, mas prometeu que não entraria em uma "guerra de atrito" com os iranianos. O conflito acabou impulsionando a popularidade do primeiro, segundo pesquisas recentes.

Acordo

A base aérea de Al-Udeid é a sede regional do Comando Central dos EUA. Cerca de 10 mil soldados estão estacionados no local. O ataque iraniano inicialmente alimentou o temor de que o conflito pudesse se intensificar, atraindo ainda mais os EUA para a guerra e se expandindo por toda a região.

O Catar condenou o ataque em seu território e disse que se reservava “o direito de responder diretamente”. Ao discutir ontem o lançamento de missões, as autoridades iranianas disseram ao New York Times que pediram que fossem vistos dando uma resposta aos EUA, mas com cautela.

Uma abordagem semelhante foi usada em 2020, quando o Irã avisou antes de disparar mísseis balísticos contra uma base americana no Iraque, em represália ao assassinato do general Qasem Suleimani.

Antes do ataque do Irã e do anúncio de Trump, Israel lançou diversas operações contra Teerã e prometeu mais bombardeios "nos próximos dias", prosseguindo com sua campanha militar. Ontem, os israelenses atingiram locais considerados símbolos da teocracia iraniana, como o quartel-general da Guarda Revolucionária, estradas de acesso à central nuclear de Fordow - alvo dos americanos no fim de semana - e a prisão de Evin, onde são mantimentos de dissidentes e prisioneiros políticos.

O centro de detenção é muito considerado um símbolo de repressão e grupos de direitos humanos e sobreviventes dizem que torturas e execuções são rotineiras no local. Imagens de vídeo mostram uma explosão na entrada principal do complexo prisional. Não ficou claro porque Israel atacou a prisão. Não houve relatos imediatos de feridos e o Irã disse que ainda tinha controle da instalação.

Rússia

O ataque do Irã contra a base americana ocorreu após o ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, se encontrar com um aliado chave, o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Enquanto o líder russo chamava os ataques dos EUA de “agressão absolutamente não provocada”, ele se absteve de oferecer apoio concreto ao Irã.

Ontem, o vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, teve de se retratar e negou qualquer intenção de Moscou de fornecer armas nucleares a Teerã. Horas antes, no entanto, ele havia cogitado a possibilidade. "Vários países estão prontos para fornecer armas nucleares ao Irã", disse.

Pelas redes sociais, Trump ironizou Medvedev. "Ele realmente disse isso ou foi só fruto da minha imaginação?", escreveu o americano. "Essas declarações não deveriam ser dadas de forma leviana. Acho que é por isso que Putin é quem manda." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.