EUROPA

Rumo ao belicismo: banco europeu revê política para financiar mais empresas de defesa

Por Sputinik Brasil Publicado em 25/09/2025 às 05:33
© AP Photo / Yorgos Karahalis

O banco francês BNP Paribas flexibilizou sua política sobre "armas controversas" para ampliar o financiamento à indústria de defesa europeia, em meio ao rearmamento impulsionado por tensões geopolíticas e pela pressão por maior produção militar no continente.

De acordo com o Financial Times (FT), o BNP Paribas flexibilizou sua política de financiamento ao setor de defesa, abandonando uma restrição que impedia o apoio à produção e comércio de "armas controversas". A mudança ocorre em meio ao esforço europeu de rearmamento, impulsionado por pressões dos Estados Unidos e uma alegada "ameaça da Rússia", um argumento refutado por Moscou.

A antiga política, em vigor desde 2010, considerava controversas as armas com efeitos indiscriminados e que causam danos indevidos. No entanto, o termo passou a ser visto como excessivamente amplo, podendo incluir tecnologias como certos drones. Com a revisão, o BNP Paribas passou a distinguir entre armas autorizadas por tratados internacionais e aquelas proibidas, o que abre espaço para mais operações financeiras com a indústria de defesa.

Essa flexibilização ocorre em um momento em que bancos europeus se preparam para aumentar os empréstimos a fabricantes de armas. A demanda por financiamento cresce à medida que governos intensificam seus gastos militares e empresas do setor enfrentam desafios para expandir a produção, especialmente os fornecedores menores que dependem de crédito para escalar suas operações.

A Comissão Europeia também se movimentou para facilitar investimentos no setor, anunciando em junho que empresas de defesa — exceto fabricantes de armas proibidas internacionalmente, como minas terrestres — estariam em conformidade com as regras ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) da União Europeia (UE). A medida responde a queixas de que as normas ESG dificultavam o acesso ao crédito bancário, empurrando empresas para o mercado privado.

Na França, sede de grandes fabricantes como Thales, Dassault e Naval Group, a mudança na política do BNP Paribas pode ter impacto significativo. Esses grupos produzem sistemas de drones, radares, caças e submarinos, e estão entre os principais beneficiários potenciais da nova postura do banco.

O BNP Paribas declarou que atualiza regularmente suas políticas setoriais e que a revisão reflete seu compromisso com o financiamento de empresas de defesa, especialmente nos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e na Europa.

Outros bancos europeus também estão se reposicionando. O Deutsche Bank, por exemplo, criou uma força-tarefa com cerca de 40 profissionais para focar em defesa e infraestrutura. Desde então, o banco alemão já realizou cerca de 20 transações no setor, incluindo fusões, aquisições e operações de mercado de capitais, mobilizando compromissos na faixa dos bilhões de euros.