EUA

Muito longe da realidade: analista explica por que plano de Trump sobre Gaza pode fracassar

Por Sputinik Brasil Publicado em 30/09/2025 às 08:18
© Foto / Isac Nóbrega / Palácio do Planalto

O novo plano do presidente dos EUA, Donald Trump, para resolver o conflito na Faixa de Gaza poderia ter uma chance de sucesso se suas principais disposições fossem possíveis de implementar, disse à Sputnik o arabista e professor Andrei Zeltyn.

Zeltyn destacou que o plano de Trump para Gaza poderia servir para Israel se o ponto sobre a liberação dos reféns fosse implementado primeiro.

No entanto, enfatizou, os demais pontos são pouco realistas e, portanto, não atraem o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Segundo o analista, os pontos sobre a desmilitarização da área, a remoção do movimento palestino Hamas do poder em Gaza e garantias de que Israel renunciará à anexação dos territórios da Cisjordânia não satisfazem nenhuma das partes.

"O governo de Netanyahu hoje acredita objetivamente que o Hamas não deixará Gaza voluntariamente, pois o grupo perderia qualquer peso, autoridade e todos os instrumentos de pressão que atualmente utiliza, o que, é claro, é totalmente inaceitável para uma parte do Hamas", ressaltou.

Dessa forma, elaborou o interlocutor da agência, o Hamas vai resistir e proteger Gaza da agressão israelense até o final.

Além disso, finalizou o especialista, sem o apoio de vários países árabes do golfo Pérsico, assim como do Egito e da Jordânia, o plano de Trump não tem nenhum sentido, pois são esses países que possuem "reais instrumentos de pressão".

Trump divulgou na segunda-feira (29) um plano de 20 pontos para resolver a situação em Gaza. A proposta prevê um cessar-fogo imediato, condicionado à liberação dos reféns dentro de 72 horas.

O plano também estipula que o movimento palestino Hamas e outros grupos devem concordar em não participar da administração de Gaza, nem direta nem indiretamente.

O controle de Gaza deve passar para autoridades tecnocráticas sob a supervisão de um órgão internacional liderado pelo próprio Trump.