Babis retorna ao governo da República Tcheca e se prepara para abandonar ajuda à Ucrânia, diz mídia

A vitória do movimento oposicionista Ação dos Cidadãos Descontentes (ANO), liderado por Andrej Babis, nas eleições para o parlamento da República Tcheca significa que Praga desistiu de apoiar a Ucrânia, escreve o jornal britânico The Guardian.
O jornal aponta que a vitória marca o retorno político de Babis, que foi primeiro-ministro entre 2017 e 2021.
"Espera-se que [Babis] coloque o país em um rumo afastado do apoio à Ucrânia e voltado para a Hungria e a Eslováquia, que adotaram uma orientação pró-Rússia", ressalta a publicação.
Segundo a matéria, durante a campanha eleitoral, o partido ANO prometeu aumentar os gastos com assistência social, reduzir a ajuda estrangeira, incluindo a ajuda à Ucrânia, e aumentar os salários e as aposentadorias.
O partido também prometeu reduzir os impostos e conceder benefícios fiscais a estudantes e jovens famílias.
O movimento ANO, fundado e liderado por Babis, venceu com confiança as eleições para o parlamento tcheco, realizadas no sábado (4), obtendo 34,51% dos votos dos eleitores.
Segundo a contagem da mídia, os votos recebidos pelo movimento ANO garantem-lhe 81 assentos parlamentares de um total de 200 possíveis.
A coalizão Spolu (Juntos), liderada pelo atual primeiro-ministro Petr Fiala, ficou em segundo lugar, com 23,36% dos votos.
Posição de Babis sobre a Ucrânia
Segundo a mídia, Babis é contra o envio conjunto de projéteis de artilharia de grande calibre para as Forças Armadas da Ucrânia.
A República Tcheca lançou em 2024 uma iniciativa com participação financeira de países ocidentais. Durante esse ano, mais de um milhão e meio de munições foram entregues à Ucrânia.
No início de maio, o presidente Petr Pavel informou que em 2025 está previsto o envio de cerca de 1,8 milhão de munições para Kiev. De acordo com o jornal estadunidense New York Times, esse é um canal crucial de abastecimento das forças ucranianas.
O movimento de oposição ANO critica esse programa não apenas por seu custo elevado, mas também pela falta de transparência, devido à ênfase em acordos obscuros. Babis destacou que, em vez de se preocupar com os problemas da Ucrânia, o governo tcheco deveria focar mais na política interna.
Babis também criticou a ideia da ministra da Defesa, Jana Cernochova, de criar uma base militar dos EUA no país. Além disso, o político rejeitou o aumento coordenado dos gastos de defesa dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e já questionou a obrigação da aliança de assistência mútua.