INVESTIGAÇÃO

Esquema de rifas ilegais comandado por Kel Ferreti movimentou R$ 33 milhões em Maceió

Ministério Público aponta que o grupo, liderado pelo ex-policial e influenciador digital, manipulava sorteios e usava influenciadores para lavar dinheiro

Por Redação Publicado em 06/10/2025 às 07:35
Extra

Um esquema milionário de rifas e sorteios ilegais movimentou mais de R$ 33,7 milhões em Maceió, segundo o Ministério Público de Alagoas (MPAL). À frente do grupo estaria Kleverton Pinheiro de Oliveira, de 40 anos, conhecido como Dogil Ferreti (ou Kel Ferreti), ex-policial militar e autointitulado “empreendedor digital”.

Nas redes sociais, Ferreti se apresentava como um guru financeiro, vendendo cursos que prometiam ensinar como lucrar com apostas online. Por trás da fachada de sucesso, as investigações revelam um esquema criminoso: os sorteios eram manipulados, com bilhetes vencedores previamente reservados, garantindo lucros ao grupo e prejuízos aos apostadores.

O promotor Cyro Blatter, coordenador do Grupo de Atuação Especial no Combate à Sonegação Fiscal e Lavagem de Dinheiro (Gaesf), destacou a ilegalidade do esquema.

O que não é legalizado, por exemplo, ainda continua em bets chinesas e coreanas. Esse tipo de jogo não tem nenhum tipo de controle”, afirmou o representante do MPAL.

Entre os investigados está a influenciadora Laís Oliveira, que soma mais de cinco milhões de seguidores nas redes sociais. Segundo o MP, ela seria peça central na divulgação e movimentação do dinheiro do grupo. De janeiro a abril de 2024, Laís recebeu quase R$ 1 milhão de uma das empresas de Ferreti, enquanto o marido, o também influenciador Eduardo Veloso, teria recebido R$ 456 mil.

O casal foi preso em dezembro de 2024, durante a Operação Trapaça, deflagrada pelo MPAL em Fortaleza. Na mesma ação, Kel Ferreti também foi preso em seu apartamento de luxo em Maceió, onde agentes apreenderam joias, celulares e R$ 20 mil em espécie.

A defesa de Laís e Eduardo nega envolvimento no esquema, alegando que ambos atuaram apenas como influenciadores contratados para publicidade. Já os advogados de Ferreti afirmam que ele não é dono de nenhuma plataforma de apostas, atuando apenas como divulgador.

Histórico de crimes e polêmicas

Expulso da Polícia Militar em 2023 por manifestação política nas redes sociais, Ferreti também foi condenado por estupro no mesmo ano — crime cometido contra uma mulher que teria sido enganada nos sorteios ilegais.

A Justiça o condenou a 10 anos de prisão, pena depois reduzida para 8 anos. Atualmente, ele cumpre regime semiaberto domiciliar, com tornozeleira eletrônica, e está proibido de se aproximar da vítima. Mesmo assim, segue ativo nas redes sociais, exibindo carros importados, viagens internacionais e i