Trump cancela projeto solar de 6,2 GW e favorece combustíveis fósseis nos EUA, diz mídia

O governo Trump cancelou a aprovação do Esmeralda 7, projeto solar de 6,2 GW em Nevada que abasteceria 2 milhões de casas, ampliando sua ofensiva contra energias renováveis. A decisão afeta a NextEra Energy e ocorre em meio à crescente demanda energética nos EUA.
O governo dos Estados Unidos, sob a administração Trump, mobilizou esforços para cancelar o que seria o maior projeto solar da América do Norte, intensificando sua ofensiva contra a indústria de energia renovável. O projeto Esmeralda 7, com capacidade de 6,2 gigawatts e potencial para abastecer quase 2 milhões de residências, teve sua aprovação descartada pelo Bureau of Land Management — agência que cuida de unidades de conservação e território — na noite de quinta-feira (9). O processo de licenciamento havia sido iniciado durante o governo Biden.
Localizado no deserto de Nevada, a noroeste de Las Vegas, o Esmeralda 7 era apoiado pela NextEra Energy — maior empresa de energia renovável dos EUA — e por outras desenvolvedoras como Arevia Power, ConnectGen e Invenergy. O projeto englobava sete parques solares e sistemas de baterias, ocupando cerca de 62.300 acres de terras federais. Segundo o Financial Times (FT), o presidente Donald Trump classificou projetos de energia renovável como "golpe", reforçando sua oposição à expansão do setor.
Desde janeiro, o Departamento do Interior, liderado por Doug Burgum, tem acelerado o licenciamento de projetos ligados a combustíveis fósseis, enquanto impõe restrições mais severas a iniciativas solares e eólicas. Essa mudança de postura tem impactado diretamente grandes empreendimentos de energia limpa em andamento.
Em abril, Burgum ordenou a interrupção das obras do parque eólico offshore Empire, da Equinor, com 810 megawatts, e também do Revolution Wind, da Orsted. Embora ambos tenham recebido autorização para prosseguir posteriormente, a indústria alerta que a instabilidade regulatória compromete a segurança energética do país e afasta investidores.
Essa repressão ocorre em um contexto de crescente demanda por energia nos EUA, impulsionada pela expansão de data centers voltados à inteligência artificial (IA) e pela eletrificação de veículos e eletrodomésticos. Segundo a apuração, a NV Energy projeta que a demanda energética aumentará 34% até 2035 em relação a 2022.
Ainda de acordo com o FT, Ben Norris, vice-presidente da Associação das Indústrias de Energia Solar, criticou duramente a postura do governo e reforçou que a indústria solar está pronta para atender à demanda, mas precisa de comprometimento governamental com a segurança energética.