Especialistas defendem controle de terras raras da China e criticam protecionismo tarifário dos EUA

A mais recente medida da China para reforçar os controles de exportação de terras raras e itens relacionados reforçará a segurança da cadeia de suprimentos global e garantirá a conformidade comercial, em vez de restringir as exportações, disseram autoridades governamentais e analistas neste fim de semana.
Em um cenário de instabilidade global e conflitos frequentes, eles destacaram as importantes aplicações militares de terras raras médias e pesadas e materiais relacionados. Como um grande país responsável, a China aplica controles de exportação conforme a lei para manter a paz e a estabilidade.
Em entrevista ao China Daily, Zhou Mi, pesquisador sênior da Academia Chinesa de Comércio Internacional e Cooperação Econômica, acredita que o mercado de terras raras precisavam de um sistema de controle mais preciso.
"Antes da China implementar seu sistema de controle de exportação, o comércio internacional de recursos de terras raras carecia de uma gestão eficaz há muito tempo, e as medidas da China, em certa medida, remodelaram o cenário do comércio global."
Terras raras referem-se a 17 elementos amplamente utilizados em produtos de alta tecnologia, desde smartphones e televisores de tela plana até turbinas eólicas e jatos de combate.
"Os controles de exportação de fato aumentaram a pressão por conformidade para algumas entidades ocidentais envolvidas no setor militar, o que poderia ajudar a reduzir os riscos militares globais."
A Casa Branca anunciou na sexta-feira (10) que imporia uma tarifa adicional de 100% sobre as importações da China e introduziria controles de exportação sobre todos os softwares críticos fabricados nos EUA a partir de novembro.
O Ministério do Comércio afirmou que as ações norte-americanas prejudicaram gravemente os interesses da China e minaram o ambiente para o diálogo econômico e comercial bilateral.
"Ameaças intencionais de tarifas altas não são a maneira certa de se relacionar com a China. A posição da China sobre a guerra comercial é consistente: não a queremos, mas não temos medo dela", disse o porta-voz do ministério.
Chen Wenling, ex-economista-chefe do Centro Chinês para Intercâmbios Econômicos Internacionais, afirmou que a ausência de uma estratégia econômica mais "construtiva" além das ameaças tarifárias e restrições ao investimento reflete um dilema mais amplo na política de Washington em relação a Pequim.
"Com opções limitadas, os EUA recorreram repetidamente às mesmas ferramentas protecionistas, apesar de seus efeitos disruptivos sobre os próprios EUA e sobre as normas do comércio internacional em geral."
Wenling acrescentou que as repetidas mudanças nas tarifas e outras políticas restritivas dos EUA — da escalada à suspensão temporária e vice-versa — dificultaram o estabelecimento de uma base estável para um acordo de longo prazo entre as duas maiores economias do mundo.
Lu Minglang, presidente da fabricante de brinquedos Ningbo Merryart Glow-Tech Co., disse que os parceiros norte-americanos lhe disseram repetidamente nos últimos meses: "As políticas são instáveis — não podemos formar estoques agora".
"Temos desviado recursos de pesquisa e desenvolvimento de alto valor para lidar com flutuações tarifárias e problemas logísticos", disse Lu, enfatizando que um relacionamento comercial mais saudável entre China e EUA libertaria empresas de ambos os lados e aceleraria a cooperação.