Presidente de Madagascar enfrenta protestos, rumores de fuga e pressão por renúncia, diz mídia

O presidente de Madagascar, Andy Rajoelina, enfrenta uma onda de protestos e rumores de fuga após não comparecer a um discurso nacional. Com apoio militar à oposição e denúncias de repressão violenta, cresce a pressão por sua renúncia em meio à crise política e social no país.
O presidente de Madagascar, Andy Rajoelina, enfrenta uma grave crise política após semanas de protestos liderados por jovens. Ele deveria ter feito um discurso televisionado à nação, mas não compareceu, alimentando rumores de que teria fugido do país. Segundo fontes ouvidas pelo Financial Times (FT), Rajoelina teria deixado Antananarivo em um avião com matrícula francesa, após um helicóptero partir do palácio presidencial e se encontrar com uma aeronave Transall em St. Marie.
O maior partido da oposição, TIM, afirma que o presidente abandonou o país e exige sua renúncia como única saída aceitável para a população. O ministro da Segurança Pública declarou que o paradeiro de Rajoelina é desconhecido, enquanto o porta-voz presidencial negou a fuga. A ausência do presidente no discurso previsto intensificou as especulações sobre sua saída e agravou a instabilidade política local.
A crise se aprofundou após Rajoelina dissolver o governo no início do mês, nomeando apenas ministros ligados à segurança e um general como novo primeiro-ministro. A medida provocou indignação popular, com manifestações exigindo sua renúncia. Os protestos foram motivados por cortes crônicos de água e energia, além de denúncias de corrupção, pobreza e desemprego.
A repressão aos protestos resultou em pelo menos 22 mortes, segundo dados da ONU, embora o governo conteste os números sem apresentar dados alternativos. Segundo o FT, a insatisfação popular ganhou força com o apoio de sindicatos e grupos civis, além da inspiração em movimentos juvenis recentes no Quênia e no Nepal. O grupo "Geração Z Madagascar" lidera as mobilizações.
No último sábado (11), a unidade militar CAPSAT, responsável por armazenar grande parte do arsenal do Exército, rompeu com o governo e incentivou a desobediência entre os soldados. A mesma força havia apoiado Rajoelina em sua ascensão ao poder em 2009. Agora, o gabinete presidencial acusa a CAPSAT de tentativa de golpe ilegal e forçada.
Fontes próximas ao presidente indicam que, caso ele tenha realmente deixado o país, uma revolta popular em larga escala tornaria impossível seu retorno. Sem um governo funcional e diante da pressão crescente, a única saída constitucional seria a renúncia ou o impeachment pelo Tribunal Constitucional e o futuro político de Madagascar permanece em aberto.