CIÊNCIA

Descoberta no Quênia pode reescrever a história das mãos humanas

Paleoantropólogos identificam os primeiros ossos de mão do Paranthropus boisei, revelando que a destreza manual e a capacidade de agarrar objetos não eram exclusivas do gênero Homo.

Por Redação com agências Publicado em 15/10/2025 às 14:38
Reprodução / Agência Brasil

Uma equipe internacional de paleoantropólogos, liderada por Carrie Mongle da Universidade Stony Brook (EUA), encontrou os primeiros ossos de mão definitivamente identificados do Paranthropus boisei, um hominídeo que viveu entre 2,6 milhões e 1,3 milhão de anos atrás. A descoberta, publicada na revista Nature, pode ajudar a esclarecer a origem da destreza manual humana.

Os fósseis, denominados KNM-ER 101000, têm cerca de 1,5 milhão de anos e foram encontrados nas margens do Lago Turkana, no norte do Quênia. A identificação foi possível graças a um molar que, por seu tamanho, excedia as dimensões típicas do gênero Homo.

Mãos Semelhantes às Humanas Modernas
A análise dos restos mortais de mão de P. boisei revelou uma combinação surpreendente de características:

Polegar Longo e Robusto: Semelhante ao dos humanos modernos.

Dedos Curtos e Mindinho Móvel: Proporções que permitiam movimentos precisos, diferente do que se esperava para o Paranthropus.

O estudo concluiu que o P. boisei possuía proporções de mão essencialmente semelhantes às humanas.

Capacidade de Manipulação e Uso de Ferramentas
A descoberta indica que o hominídeo não utilizava as mãos apenas para escalar, mas também para manipular objetos e alimentos com força. Os cientistas acreditam que a capacidade mecânica de agarrar e golpear objetos era comparável à de uma pessoa segurando um martelo moderno, embora a precisão fosse limitada – "eles podiam manipular, mas não esculpir".

As marcas musculares nas mãos sugerem que eram usadas tanto para a locomoção quanto para a busca por alimento. A descoberta desafia a ideia de que a destreza e o desenvolvimento de ferramentas eram privilégios exclusivos do gênero Homo, indicando que a habilidade manual foi uma estratégia evolutiva compartilhada por diferentes espécies há um milhão e meio de anos.

Os pesquisadores afirmam que a descoberta ilumina a anatomia do Paranthropus e oferece insights sobre os padrões mais amplos da evolução das mãos dos hominídeos.