O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu nesta quarta-feira (16) a retomada do inquérito que apura possível interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Polícia Federal (PF) durante seu governo. O pedido foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e busca que a PF compare elementos da investigação original com dados colhidos no caso que apura a existência de uma estrutura paralela na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Esse foi o primeiro inquérito aberto contra Bolsonaro enquanto presidente, e estava paralisado desde maio de 2024, após o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, questionar a Procuradoria-Geral da República sobre a necessidade de continuidade da apuração — iniciada ainda sob a gestão anterior da PGR.

Gonet argumenta que a Polícia Federal deve retomar as diligências e analisar se há conexão entre os fatos investigados. Segundo o procurador-geral, os elementos colhidos na apuração da chamada “Abin paralela” — estrutura que teria sido usada para monitorar adversários políticos — podem ajudar a esclarecer eventuais interferências de Bolsonaro na corporação.

O inquérito teve origem em declarações do ex-ministro da Justiça e hoje senador Sergio Moro (União-PR), que afirmou em 2020 que o então presidente tentou acessar informações sigilosas de investigações da PF e exerceu pressão para trocar o comando da instituição.

Com o pedido, Gonet busca que a PF compare provas, depoimentos e documentos das duas frentes de investigação para identificar possíveis sobreposições ou conexões diretas entre as ações de Bolsonaro e a atuação irregular dentro da Abin.

O STF ainda deverá decidir se acata a manifestação da Procuradoria-Geral da República e autoriza a reabertura formal do inquérito.