Tesouro deve abrir exceção para liberar empréstimo de até R$ 20 bilhões aos Correios
Estatal em crise acumula prejuízo de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre e depende de aval da União para obter crédito emergencial
O Tesouro Nacional deve abrir uma exceção nas regras fiscais para viabilizar um empréstimo de até R$ 20 bilhões aos Correios, que enfrentam uma das piores crises financeiras de sua história recente. A medida é articulada pelo governo federal diante da incapacidade de pagamento da estatal, que não atende aos critérios exigidos para garantir o crédito com recursos públicos.
Caso o aval seja confirmado, será a primeira licença excepcional concedida pelo Tesouro durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Exceções do tipo foram mais comuns durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, quando empresas públicas em dificuldade receberam apoio direto da União.
Crise e plano de reestruturação
A necessidade de socorro ocorre em meio a sucessivos prejuízos registrados pelos Correios, que fecharam o primeiro semestre de 2025 com déficit acumulado de R$ 4,3 bilhões. No segundo trimestre, as perdas somaram R$ 2,64 bilhões, enquanto no primeiro foram R$ 1,72 bilhão.
Nesta quarta-feira (15), a estatal anunciou um plano de reestruturação baseado em três eixos principais:
Redução de despesas operacionais e administrativas;
Diversificação das fontes de receita, com foco na recuperação da capacidade de geração de caixa;
Restauração da liquidez e da competitividade da empresa, garantindo estabilidade nas relações com colaboradores, fornecedores e clientes.
Crédito com aval da União
O empréstimo está sendo negociado entre o Tesouro Nacional e um sindicato de bancos, que inclui Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e instituições privadas. O crédito serviria para assegurar o funcionamento da estatal até 2026 e financiar parte da reestruturação operacional.
De acordo com o presidente dos Correios, Emmanoel Schmidt Rondon, o plano prevê ainda venda de imóveis ociosos, renegociação de contratos, programa de demissão voluntária (PDV) e digitalização de serviços.
O governo busca com o empréstimo evitar um colapso financeiro na estatal e preservar a operação de serviços essenciais, enquanto tenta estabilizar o fluxo de caixa e restaurar a credibilidade da empresa no mercado.