POLÍCIA

Mulher denuncia negligência após bebê nascer morta dentro de ambulância entre Pilar e Maceió

Grávida de 39 semanas afirma que procurou o hospital três vezes com dores e perda de líquido, mas foi liberada; Polícia Civil apura o caso e hospital nega falhas no atendimento.

Por Vanessa Lima Publicado em 16/10/2025 às 10:53
Foto/Reprodução

A Polícia Civil de Alagoas está investigando um possível caso de negligência médica que terminou na morte de uma bebê dentro de uma ambulância, durante o trajeto entre Pilar e Maceió, no último fim de semana. A mãe, identificada como Claudiane, de 39 semanas de gestação, acusa o Hospital Nossa Senhora de Lourdes e Maternidade Dr. Armando Lages, localizado em Pilar, de não ter prestado atendimento adequado, mesmo após ela ter buscado ajuda três vezes.

De acordo com o relato da família, a mulher deu entrada pela primeira vez na unidade de saúde na quinta-feira (9), sentindo fortes dores e perda de líquido. Os profissionais, no entanto, informaram que ainda “não era o momento do parto”, aplicaram uma medicação para aliviar as contrações e a liberaram em seguida.

Nos dias seguintes, o quadro de Claudiane se agravou. Mesmo assim, nas duas vezes em que retornou ao hospital, a gestante teria sido novamente orientada a voltar para casa. “Ela andava encurvada de dor, perdendo muito líquido. A gente implorava para que fizessem alguma coisa, mas mandavam ela embora dizendo que não era a hora”, contou uma parente.

Somente no sábado (11), após a terceira ida à unidade, os médicos decidiram transferi-la para o Hospital da Mulher, em Maceió. Durante o deslocamento, porém, Claudiane entrou em trabalho de parto dentro da ambulância. A equipe de enfermagem tentou realizar manobras de reanimação neonatal, mas a bebê — que se chamaria Lívia Vitória — nasceu sem vida antes da chegada ao destino.

A gestante registrou boletim de ocorrência, denunciando o caso como negligência médica. O episódio está sendo investigado pelo 23º Distrito Policial de Pilar, sob a coordenação da delegada Maria Angelita, que informou que todos os profissionais envolvidos no atendimento serão ouvidos.

“As diligências já foram iniciadas. Estamos colhendo depoimentos e analisando documentos médicos para apurar eventuais responsabilidades”, afirmou a delegada.

Em nota oficial, o hospital informou que seguiu todos os protocolos médicos e assistenciais e que a transferência foi feita após identificar que o bebê não estava na posição adequada para o parto. A unidade também declarou que a paciente recebeu toda a assistência necessária após o ocorrido.

A família, entretanto, contesta a versão e cobra respostas sobre a demora no atendimento. “Ela estava com tudo pronto, o enxoval arrumado, esperando a chegada da filha. Foi uma dor que poderia ter sido evitada”, lamentou uma prima da mãe.