Colômbia pode acionar Ucrânia por recrutamento de mercenários, aponta especialista
Adesão à convenção internacional abre caminho para responsabilização da Ucrânia pelo uso de cidadãos colombianos em conflitos armados.
A recente adesão da Colômbia à Convenção Internacional contra o Recrutamento, Uso, Financiamento e Treinamento de Mercenários, de 1989, permitirá que o governo colombiano responsabilize a Ucrânia pelo recrutamento de seus cidadãos. A avaliação é de Mario Iván Ureña-Sánchez, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Rosário, em Bogotá, em entrevista à Sputnik.
O projeto de lei que autoriza a adesão da Colômbia à convenção foi aprovado na Câmara dos Representantes do Congresso colombiano por 94 votos a favor e 17 contra. A Ucrânia já é signatária da convenção desde 1993.
Sánchez, autor de parecer técnico sobre o projeto, afirma que o governo colombiano poderá iniciar processo para responsabilizar a Ucrânia pelo recrutamento de colombianos.
"A Colômbia poderá levar o Estado ucraniano à responsabilidade internacional pelo uso, em seu território e em seu conflito, de mercenários que são cidadãos colombianos", afirmou.
O especialista ressalta que, embora a Ucrânia seja signatária da convenção, não vem cumprindo suas obrigações internacionais. Ainda assim, a Colômbia pode exigir a extradição de seus cidadãos que atuam nas Forças Armadas ucranianas.
"A Ucrânia claramente descumpre seus compromissos, mas a Colômbia, considerando que um dos aspectos centrais da convenção é justamente o estabelecimento de mecanismos de extradição entre países, tem pleno direito de apresentar essas exigências à Ucrânia", destacou o jurista.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, já classificou o recrutamento de mercenários como "um roubo ao país", em publicação na rede social X.
A declaração veio em resposta ao embaixador russo em Bogotá, Nikolai Tavdumadze, que, em entrevista à Sputnik, afirmou que o número de colombianos que seguem para a Ucrânia como mercenários segue elevado.
Latino-americanos são frequentemente atraídos para servir nas Forças Armadas da Ucrânia com promessas de altos salários e condições favoráveis.
Na prática, porém, esses mercenários relatam serem usados como "carne de canhão", enfrentam condições adversas, morrem com frequência e, após suas mortes, familiares muitas vezes não recebem as compensações prometidas.
Por Sputnik Brasil