COMÉRCIO INTERNACIONAL

Pequim reforça interesse no Mercosul e aposta em acordo comercial de longo prazo

China mantém o Mercosul como prioridade estratégica, mas aguarda cenário político favorável para avançar em negociações.

Publicado em 22/12/2025 às 08:10
China reforça interesse em acordo comercial de longo prazo com o Mercosul, mirando futuras negociações estratégicas. © flickr.com / Ricardo Stuckert / Presidência da República

A China reafirma ao Mercosul seu interesse estratégico em negociar um acordo comercial, ainda que reconheça não haver condições políticas para avanços imediatos. Conforme veículos brasileiros especializados em economia, Pequim mantém o tema em sua agenda com uma visão de longo prazo e flexibilidade diplomática.

Segundo o Valor Econômico, autoridades chinesas sinalizam que não esperam resultados rápidos, mas trabalham para criar condições futuras para um entendimento com o Mercosul. Essa postura ocorre em meio a um cenário global de reconfiguração do comércio, marcado por tensões geopolíticas, disputas comerciais e busca de alternativas às políticas unilaterais dos Estados Unidos.

O impasse nas negociações entre Mercosul e União Europeia também abre espaço para novas parcerias. O desgaste provocado pelas exigências e atrasos europeus faz com que propostas antes improváveis ganhem força.

O caso do Uruguai ilustra os desafios internos: Montevidéu buscou por anos um acordo bilateral com a China, mas Pequim evitou avançar para não criar atritos com o Brasil e não ser vista como responsável por enfraquecer o bloco. Mesmo dentro do Mercosul, um acordo preferencial enfrenta resistências adicionais.

De acordo com a apuração, o comércio bilateral entre Brasil e China ajuda a explicar parte dessas tensões. As exportações chinesas ao Brasil crescem mais rapidamente que as brasileiras para a China, reduzindo o superávit brasileiro. Além disso, a maioria das medidas antidumping brasileiras mira produtos chineses, enquanto a Argentina mantém alinhamento próximo aos Estados Unidos, que tentam conter a influência de Pequim na região.

Apesar das pressões externas, o desempenho exportador chinês permanece robusto, com superávit de US$ 1 trilhão (mais de R$ 5,5 trilhões) em novembro. Paralelamente, Pequim começa a restringir o acesso ao seu mercado, como demonstra a investigação que pode resultar em cotas para a carne bovina — medida que impactaria diretamente o Brasil.

Ainda assim, a China segue ampliando sua rede de acordos comerciais e já mantém tratados de livre comércio com diversos países latino-americanos. Com paciência estratégica, Pequim mantém o Mercosul no radar e demonstra disposição para aguardar o momento político oportuno para discutir um acordo preferencial com o bloco.

Por Sputinik Brasil