ECONOMIA

Renan Filho defende corte de benefícios fiscais e equilíbrio das contas públicas para garantir crescimento sustentável do Brasil

Ministro dos Transportes usa redes sociais para criticar renúncias tributárias de R$ 800 bilhões e alerta: país gasta mais com incentivos a grandes grupos do que com saúde e educação somados

Por Redação Publicado em 09/06/2025 às 12:00

Em um longo pronunciamento nas redes sociais neste sábado, 7 de junho, o ministro dos Transportes, Renan Calheiros Filho, fez um contundente alerta sobre os efeitos danosos dos gastos tributários — os chamados incentivos ou renúncias fiscais — para o equilíbrio fiscal do país. Segundo o ministro, o Brasil deixa de arrecadar cerca de R$ 800 bilhões por ano com esse mecanismo, valor que dobra os orçamentos combinados da saúde (R$ 233 bi) e da educação (R$ 167 bi).
Renan Filho classificou os benefícios fiscais como “um eufemismo para esconder o que de fato são: gastos públicos disfarçados, que beneficiam pequenos grupos empresariais com poder de pressão política, em detrimento do conjunto da população”.

Durante o vídeo, o ministro comparou os valores bilionários concedidos a empresas com investimentos diretos em políticas públicas. “O novo PAC, por exemplo, tem R$ 60 bilhões. Já as bolsas da Capes, a Farmácia Popular e o Vale Gás somam pouco mais de R$ 12 bilhões. É uma desproporção brutal se comparada aos R$ 800 bilhões de renúncias fiscais”, destacou.


A experiência de Alagoas

Renan relembrou que, quando foi governador de Alagoas, implementou cortes nos benefícios fiscais e criou o Fundo de Equilíbrio Fiscal (FEFAL), para disciplinar a arrecadação e recuperar a capacidade de investimento do Estado, especialmente após os anos de crise pós-impeachment. A medida, segundo ele, foi essencial para garantir a retomada do crescimento alagoano.


Cortes e reformas: “Não dá mais”

O ministro afirmou ainda que, além do corte nos gastos tributários, o Brasil precisa rever outros desequilíbrios, como o pagamento anual de R$ 100 bilhões em precatórios e as emendas parlamentares que já somam mais de R$ 50 bilhões. Ele defendeu também uma reforma administrativa mais ampla, que atinja “super salários”, privilégios previdenciários e outras distorções do serviço público federal.

“Não dá mais para sustentar esse modelo. O Brasil precisa de equilíbrio fiscal real para manter os juros em queda, atrair investimentos, gerar empregos e continuar crescendo de forma duradoura”, disse.


Crescimento com responsabilidade

Renan Filho comemorou os índices econômicos positivos do governo Lula — como o crescimento acumulado do PIB, a geração recorde de empregos com carteira assinada e o aumento da renda dos trabalhadores —, mas advertiu que esse desempenho só será sustentável com estabilidade fiscal e revisão de privilégios.

“Não se trata de cortar investimento social. Pelo contrário, cortar incentivos ineficazes é garantir mais recursos para a saúde, educação, infraestrutura e ciência. É garantir que o Brasil cresça para todos, e não apenas para poucos”, concluiu o ministro, defendendo a articulação entre o Executivo e o Congresso Nacional nas medidas que serão debatidas neste fim de semana em reunião com o ministro Fernando Haddad, o presidente da Câmara, Hugo Motta, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre.