RIVALIDADE

PT de Alagoas vive clima de tensão às vésperas da eleição que definirá nova direção estadual

Rivalidade entre candidatos expõe divisão interna no partido; disputa ocorre neste domingo e pode reconfigurar alianças políticas no estado

Por Redação Publicado em 04/07/2025 às 15:52

O Processo de Eleição Direta (PED) do Partido dos Trabalhadores em Alagoas, marcado para este domingo (6), promete movimentar a militância e aprofundar a disputa interna que opõe alas rivais da legenda. Apesar do discurso oficial de festa democrática, dirigentes admitem que o ambiente lembra um clássico de futebol: segundo a vereadora Teca Nelma, o clima é de rivalidade comparável a um confronto entre CRB e CSA.

Três candidatos concorrem ao comando do Diretório Estadual. De um lado, o deputado estadual Ronaldo Medeiros representa a tendência Resistência Socialista e aposta na renovação da sigla. De outro, a sindicalista Dafne Orion, ligada à corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) e ao grupo do deputado federal Paulão, lidera a chapa Coração Petista. Também disputa a presidência Paulo Henrique Barbosa Mateus, do Diálogo e Ação Petista (DAP), embora a polarização entre Medeiros e Dafne concentre as atenções.

O histórico recente de disputas amplia as tensões. Desde as eleições de 2024, Medeiros e Paulão romperam politicamente, o que repercutiu no processo atual. Para aliados do deputado estadual, é hora de o PT em Alagoas trocar a direção e assumir um novo ciclo. Mas críticos lembram que ele deixou o partido durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, episódio considerado uma “traição” por setores da legenda.

Em entrevista ao portal 7Segundos, Ronaldo Medeiros mostrou confiança na vitória:

“O saldo dessa campanha para o PED é positivo. O PT é um partido democrático, o único que elege sua diretoria dessa forma no Brasil. Nossa expectativa é de vitória no domingo. Agora, após o PED, é hora de unir o partido em torno dos desafios que virão para reelegermos o presidente Lula e garantirmos aumento de espaços nos parlamentos, tanto em Brasília quanto nos estados”, afirmou.

Já Dafne Orion defendeu a construção de um projeto com identidade popular:

“Nós, da chapa Coração Petista, temos um compromisso firme com a reconstrução e o fortalecimento do PT em Alagoas, a partir de três pilares centrais: autonomia política, base militante e projeto popular. Temos recebido apoio de companheiros e companheiras em todas as regiões do estado e do país. A militância tem demonstrado que quer compromisso e identidade de classe. O saldo é positivo porque essa eleição não é sobre nomes. É sobre que partido queremos para os próximos anos”, declarou.

Além do desgaste interno, o novo presidente estadual terá de enfrentar desafios externos. Entre eles, o avanço da direita no Nordeste — especialmente em Alagoas —, os desdobramentos dos escândalos envolvendo repasses do fundo eleitoral em 2024 e a definição das chapas para as eleições de 2026.

O resultado do PED será decisivo não apenas para a configuração do PT alagoano, mas também para sua capacidade de articulação nacional e estadual nos próximos anos.