Trump volta a interferir na política brasileira, exige “bom tratamento” a Bolsonaro e diz que não conversará com Lula por enquanto

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a provocar uma crise diplomática ao fazer declarações incisivas sobre o governo brasileiro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista concedida na manhã desta quinta-feira (11), Trump afirmou que, "por enquanto", não pretende manter qualquer diálogo com Lula e, em tom de exigência, declarou que o Brasil “precisa tratar melhor Jair Bolsonaro”, seu aliado político e pessoal.
A fala foi interpretada por especialistas em relações internacionais como uma tentativa clara de interferência na soberania e no sistema judiciário brasileiro, uma vez que Bolsonaro é réu em diversas ações no Supremo Tribunal Federal (STF), investigado por tentativa de golpe, ataques à democracia e outros crimes durante e após seu mandato.
Sem qualquer menção ao devido processo legal ou ao princípio de separação entre os poderes, Trump insinuou que a atual condução dos casos contra Bolsonaro é “injusta e perseguidora”, chegando a sugerir que o Brasil estaria "punindo um patriota por razões políticas". A fala ecoa narrativas utilizadas pela extrema direita brasileira e ignora totalmente a autonomia do Judiciário do país.
O governo brasileiro ainda não se pronunciou oficialmente sobre as novas declarações do ex-presidente norte-americano, mas fontes do Itamaraty classificam as falas como “graves” e “inaceitáveis” do ponto de vista diplomático. Analistas políticos apontam que Trump, ao adotar esse tom, alimenta sua base eleitoral com discurso internacionalizado de confronto, utilizando o Brasil como peça de retórica em sua pré-campanha à presidência dos EUA.
A tensão se soma ao recente anúncio de Trump de aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, o que já causou reações no Congresso e no Palácio do Planalto. O presidente Lula teria devolvido uma carta enviada por Trump, em que se queixava da “perseguição” a Bolsonaro, e advertiu que o Brasil reagirá com reciprocidade a qualquer sanção injustificada.
A nova escalada verbal de Trump não apenas reacende tensões diplomáticas, mas também expõe sua tentativa de influenciar diretamente o cenário político brasileiro, atuando como porta-voz informal de Jair Bolsonaro em meio a investigações e processos judiciais.
O clima, agora, é de alerta nos bastidores da política internacional, e cresce a pressão para que o governo brasileiro se posicione com firmeza diante do que muitos classificam como uma ofensiva de caráter intervencionista e antidemocrático por parte de Trump.
A Tribuna do Sertão seguirá acompanhando os desdobramentos deste episódio que coloca em xeque os limites entre amizade pessoal e respeito entre nações soberanas.