Gloria Perez diz que censura moral nas novelas é “pior que na ditadura”
Autora critica pressão das redes sociais, defende liberdade criativa e relata veto a novela sobre aborto

A autora de novelas Gloria Perez afirmou que a censura moral que paira sobre as produções televisivas atualmente é “pior que na ditadura militar”. Segundo ela, enquanto no regime havia uma única censora — Solange Hernandes, responsável por avaliar as tramas — hoje existem “muitas Solanges”, em referência à multiplicação de críticas e vetos impulsionados pelas redes sociais.
Para Perez, o ambiente atual gera autocensura e inibe a criatividade, já que há um excesso de cuidado em não ofender grupos específicos. Essa postura, em sua visão, retira o principal elemento das narrativas: o conflito. “Novelas como O Clone e Caminho das Índias dificilmente passariam hoje”, afirmou.
A novelista revelou que deixou a TV Globo após o veto ao projeto Rosa dos Ventos, que abordaria o tema do aborto. Para ela, a recusa representou a impossibilidade de desenvolver histórias com a liberdade que considera essencial.
Perez defendeu que contar histórias é provocar reflexão e mostrar sentimentos, e alertou que o medo de abordar assuntos sensíveis empobrece as obras e afasta o público de debates importantes.