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Comissão da Memória e Verdade recebe membros da Comissão Jayme Miranda

Everaldo Patriota e Delson Lyra relataram o trabalho realizado e a importância da continuidade da investigação

Por Lenilda Luna - jornalista Publicado em 25/09/2025 às 08:38

Na manhã da última segunda-feira (22), a Comissão da Memória, Verdade, Justiça e Reparação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) realizou reunião ordinária marcada pela presença de dois convidados considerados bastante relevantes pelo trabalho realizado: os advogados e professores Everaldo Patriota e Delson Lyra, que integraram a Comissão Estadual da Memória e Verdade Jayme Miranda.

Durante o encontro, os dois compartilharam a experiência vivida à frente da Comissão criada pelo Governo de Alagoas em 2013, por meio do Decreto nº 26.820, que reuniu sete membros titulares, além de colaboradores voluntários. O colegiado teve como missão investigar graves violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura militar, dando voz a vítimas, familiares e pesquisadores.

Delson Lyra destacou o trabalho da comissão estadual, que embora limitado pela falta de estrutura, deixou um legado de registros históricos, audiências públicas e depoimentos preservados. “Colhemos dezenas de depoimentos, realizamos audiências públicas e eventos temáticos. Obtivemos acervos da Comissão Dom Hélder Câmara e trocamos informações com a Comissão Nacional da Verdade”, ressaltou. Contudo, a falta de apoio foi relatada como um limitador nesta missão. “Ainda assim, conseguimos preservar o material, disponibilizado a diversas instituições públicas e de pesquisa. Nosso relatório trouxe onze recomendações aos poderes públicos, algumas delas já atendidas. A iniciativa da Ufal em dar continuidade a esse trabalho é única e merece destaque”, afirmou Delson.

Entre as recomendações do relatório final da Comissão Jayme Miranda, aprovado em 2017, estão: a continuidade das pesquisas no âmbito acadêmico, com apoio da Fapeal; manifestações públicas do Estado de Alagoas sobre as violações cometidas; reparações simbólicas, como a mudança de nomes de prédios e logradouros que homenageiam agentes da ditadura. O relatório também registrou ações importantes, como a coleta de sangue de familiares de desaparecidos pelo Grupo de Trabalho Perus, em parceria com o Ministério da Justiça, e a participação de famílias alagoanas em atividades promovidas pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que buscam dar visibilidade ao sofrimento de parentes de vítimas do regime, e o Centro Cultural Manoel Lisboa, com sede em Recife, que também disponibilizou o acervo.

Na reunião da Ufal, Patriota e Lyra ressaltaram o caráter voluntário e coletivo da Comissão Jayme Miranda e apontaram que o acervo construído deve permanecer acessível a pesquisadores, familiares de perseguidos políticos e à sociedade em geral. A coordenadora da Comissão da Memória, Verdade, Justiça e Reparação da Ufal, Emanuelle Rodrigues, agradeceu a participação dos convidados. “Esses relatos nos estimulam a dar sequência a esse legado, reafirmando o compromisso da Universidade com a preservação da memória, a produção de conhecimento histórico e a luta por reparação e justiça às vítimas da ditadura no Brasil”, afirmou.

Ela destacou a relevância do Regimento aprovado pelo Consuni e publicado como resolução interna para garantir a continuidade das atividades, além de enfatizar que o relatório final da Comissão Jayme Miranda será uma referência essencial. “Firmamos como objetivo apoiar a publicação e publicização desse relatório, para fortalecer o conhecimento sobre nossa história e a luta pela democracia”, finalizou.

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