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Visitantes prestigiam exposição da Pinacoteca da Ufal na Bienal

Público sentiu-se atraído e emocionado com as obras de Jhonyson Nobre e Gleyson Borges

Por Guilherme Honório - estudante de Jornalismo (Ascom Pinacoteca) Publicado em 13/11/2025 às 10:18
Na Bienal, os visitantes puderam apreciar as obras “Azul é a memória”, de Jhonyson Nobre, e “Gigantes”, de Gleyson Borges Guilherme Honório e Jonatas Medeiros

A Pinacoteca da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), marcou presença do primeiro ao último dia da 11° edição da Bienal Internacional do Livro de Alagoas, quando os visitantes puderam apreciar as obras “Azul é a memória”, de Jhonyson Nobre, e “Gigantes”, de Gleyson Borges, sob a curadoria da museóloga Cintia Rodrigues.

Seguindo a linha temática da Bienal - “Brasil e África ligados culturalmente em seus ritos e raízes” - os trabalhos expostos pela Pina refletiram a singularidade artística dos jovens autores alagoanos, onde a afetividade, memória, ancestralidade e resistência são marcas registradas. Consequentemente, o público sente-se atraído, lançando olhares de admiração e representatividade.

A jornalista Cláudia Galvão foi uma dessas pessoas. Enquanto passava pelo local, a visitante deteve-se na obra de Jhonyson, que colocou num painel diversos corações anatômicos recortados em madeira, contendo os rostos de personalidades e familiares.

“Assim que eu cheguei, uma coisa que me chamou a atenção é que passa uma ideia de integrar tudo no coração de todo mundo. Então, você tem as nossas duas maiores referências lá em cima [Zumbi e Dandara dos Palmares] e a partir daí, o artista, eu imagino, tentou construir uma árvore genealógica a partir do coração. Eu achei genial isso”, enfatizou Cláudia.

Jairis Mirelly, parceira de profissão de Cláudia e que acompanhava a amiga no momento, destacou a escolha da pigmentação. “Particularmente, eu gosto da cor azul e isso me chama um pouquinho mais de atenção. É a minha favorita e eu acho que, nos grandes artistas, eles sempre escolhem a cor azul para ilustrar essa questão da memória, da afetividade”, falou.

Disposto ao lado da obra de Jhonyson, o mural “Gigantes”, de Gleyson, emocionava pela sua mensagem. No formato de lambe-lambe, celebrava a conquista de espaços universitários pela juventude negra e periférica, ao mesmo tempo em que reconhece o esforço daqueles que vieram antes, possibilitando, assim, a continuação dos sonhos dos mais novos.

Eulalia Maria, autônoma, passeava com a filha. Sensibilizada com o mural, enxergou na arte o contexto vivido por ela e de tantos outros brasileiros. “Isso aqui é uma realidade, não para todos, mas para algumas pessoas que, com muita luta, com muita garra, conseguem. Aqui tá ‘sou a filha do gari’, ‘sou o filho do servente’, ‘sou o filho da garçonete’. Quando uma pessoa quer, ela consegue, mas é com muita luta, porque a discriminação é grande”, refletiu.

A filha, Anaitê Tapajoará, é estudante do ensino médio. A figura dos universitários, ao centro, comemorando, encantou-a, num gesto de valorização do empenho dos familiares e, no caso da jovem, da matriarca. “O que chamou minha atenção é ver a felicidade dos formandos e saber que eles dão muito valor ao trabalho dos seus pais, porque sabem que foram eles que tornaram os sonhos possíveis. Me faz valorizar cada vez mais o trabalho da minha família, principalmente da minha mãe e da minha ‘dinda’”, afirmou.

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